PEIXE FORA D'ÁGUA

Sabe essas noites; essas em que você não suporta mais o tédio de ficar assistindo TV, programas em reprise no qual já sabem tudo o que vai acontecer.

Essas noites em que não acha ninguém para manter uma conversa construtiva ou até mesmo destrutiva, dependendo do grau de insanidade que possui as pessoas com quem se relaciona. Essas noites onde não consegue encontrar uma boa leitura, as palavras parecem repetidas sem ter a emoção de quando foi lida pela primeira vez, quando não existe entretenimento que lhe agrade, onde você tenta balbuciar com alguém algo em relação à crise financeira a pandemias, assuntos atuais, mas nada sai, daí você se irrita por que ninguém te entende, é como se estivesse falando grego. Nada se encaixa nada da certo, nada te agrada, nada te satisfaz. Pois bem, resolvi fazer uma caminhada pelas ruas da cidade, andei durante horas refletindo sobre coisas que me inquietavam, de como as pessoas estão superficiais demais, despreocupadas demais, complicadas demais. Ou, que tudo não passa de um mal entendido meu, de uma má compreensão minha das coisas ao meu redor, de repente o problema seria comigo, talvez eu seja superficial demais com as pessoas, eu seja preocupado demais com os fatos, eu seja complicado demais para manter uma conversa, sei lá.

No decorrer da caminhada, eis que surge bem na minha frente, no meio da calçada, algo que me chamou a atenção, era uma situação inusitada nunca antes visto por mim ate aquele momento. Aconteceu que no meio do passeio publico encontrei um peixe que se debatia tentando de todas as formas alcançar água, mas o curioso era que não havia água por perto, não tinha chovido naquele dia a rua estava completamente seca, então pensei: alguém deve ter deixado-o cair, mas um peixe vivo, a essa hora? Nem está próximo do mercado, e essa rua predomina lojas de confecções. Não conseguia entender, não encontrava uma viva alma para compartilha aquela curiosa cena comigo, ou fazer indagações, ninguém. Então fiquei olhando para a criatura, suas nadadeiras esforçava-se para nadar no concreto, seu dorso inflava com o ar, oxigênio demais para ele suportar daí sufocava-se, debatia-se cada vez mais. Até parar e ficar respirando inutilmente, aos poucos foi desistindo de puxar o ar e morreu, continuei andando para casa.

Olhando para esse episódio não parece algo a ser dada tanta importância, afinal era só um peixe fora d’água. Mas olhando atentamente, pude aprender uma lição, comecei a dar valor as pequenas coisas da vida, daquele dia em diante mudei meu coração.

Tomb
Enviado por Tomb em 21/05/2009
Código do texto: T1607091
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