Liberdade ?

A evolução é lenta e nem sempre nos permite evoluir pelo modo natural, tentam lançar sobre nós suas maldiçoes, seus medos e anseios. Querem nos fazer sentir o mesmo gosto amargo que sentem. E isso não é evoluir naturalmente.

Infelizmente as pessoas nascem, e são programadas, seguem o script sem ao menos questionar, claro que sempre existirão “os Che Guevaras” da vida, mas de um modo geral o cidadão “nasce sabendo” exatamente o deve fazer, isso já lhe é imposto desde o nascimento; para começar, os pais batizam a criança dias após o nascimento, ou algum outro culto religioso, isso varia com a religião dos progenitores.

Nisso já predefiniram qual será a religião do moleque, ou da menininha, tanto faz... Após o batizado reúnem a família, vizinhos mais chegados, dependendo da popularidade da família e da contribuição no dizimo, até o padre acaba entrando na dança, e leva um rosário colorido de presente ao recém batizado.

Claro que se formos analisar a fundo constataremos que isso tudo não passou de pretexto para que indivíduos de um mesmo grupo social se reúnam em nome de algo comum. Nisso a conversa é posta em dia e a lista dos adúlteros do bairro é atualizada. Pobres criaturas, mal vêem a hora em que outra fêmea do grupo cumpra seu papel e procrie novamente, ou um casamento... Quem sabe até mesmo um velório, tudo em nome da fé em sincronia socializada.

Voltando a programação da criança, após a definição dogmática imposta pela família, a pobre criatura tem a missão de agradar os integrantes da casa como se fosse o bobinho da corte, basta um pequeno sorriso que todos se derretem – tenho que admitir, filhotes são cativantes, ainda mais quando estão na fase de interagir com tudo – seja pelas carinhas, pelas bochechas grandes, ou pelas gracinhas que fazem a verdade é que por mais cara de joelho que tenham, eles conseguem nos agradar.

Passada essa fase graciosa; logo quando começa a dar os primeiros passos o pai se fanático por futebol já compra uma uniforme completo do time até chuteirinha, sim, e não importa se é menino ou menina, a alegria do cidadão é ver a criança fantasiada de “dentucinho”... Nisso já definiram até para qual time o pequeno irá torcer.

Primeiros passos dados já tem uma religião e um time, entre outras manias, como por ex. dependendo das influências por parte dos tios e a educação da família como um todo, nosso pequeno já começa a proferir xingamentos que todos acham bonitinho, “fedaputa”,“batola”, “tomatocu”... e por ai vai...

Independente do poder aquisitivo e nível social da família, uma coisa é certa, os pais querem que a criança estude “para ser alguém na vida”. Ao menos aqui no Brasil o acesso a educação é fácil, (já a qualidade da é outra história) as duas ultimas décadas tem sido a era da faculdade, praticamente qualquer um pode cursar, principalmente se puder pagar; é só não errar todas as questões do vestibular. Não importa qual curso, se o filho estiver na “facul” está tudo bem.

Já saindo da adolescência entrando na fase adulta o novo cidadão é muito cobrado em “ser alguém na vida”, sua conduta social é assistida não só pela família, mas pela vizinhança inteira, TEM que terminar os estudos para conseguir um bom emprego, assim terá dinheiro para financiar um automóvel em 60x e se tiver sorte com um bom salário financiar um imóvel em vinte anos, daí pode pedir a namorada em casamento, sim, deve receber o sacramento do matrimônio, não importa se já mapeou o útero da noiva a verdade é: tem que casar. Um casal que simplesmente “mora junto” não estava nos planos do pai da moça... Depois de acertada a união é hora de procriar-se e conduzir sua prole como foi conduzido... Claro, os deslizes com drogas e bebidas que teve na fase pré-adulta não deve vir à tona para os filhos, não, os pais estão acima de tudo, são santidades vivas.

A questão é que a população cresce muito rápido, quanto mais pessoas menos recursos, em todos os sentidos. Hoje já não basta estudar, você tem que ter um diferencial, muitas vezes esse diferencial é torcer pelo time certo da pessoa certa, ou no caso das mulheres usarem o mesmo esmalte da pessoa certa.

E quando as coisas não saem como planejado, esses novos cidadãos não sabem o que fazer, não sabem lidar com o que foge dos planos e acabam frustrados, nisso já se proliferaram, cidadãos frustrados frustram seus filhos...

As pessoas se perdem por essa cobrança desmedida, são mentes programadas por uma sociedade autodestrutiva, uma programação em massa que acaba sendo letal a liberdade e individualidade. Quantos passam a vida inteira em busca de nada...? Afogam-se em seu próprio suor por não saberem em que direção seguir, por seguir o outro sem ao menos questionar.

Não temos que aceitar imposições mesmo que partam de nós mesmos, claro que não estou querendo dizer que é para e deixar que a vida nos leve, não, apenas devemos nos manter fiéis a nós mesmos, aos nossos valores, quem sabe assim podemos alcançar algo próximo daquilo que imaginamos ser a liberdade.