Ser professor é...

Ainda criança, ao ser perguntado pelos pais ou professores: “O que você vai ser quando crescer?” Dentro de todas as profissões que nós crianças imaginamos existir, três em especial se destacam “MÉDICO, POLICIAL OU BOMBEIRO e PROFESSOR”, e isso se deve pelo fato de que, no nosso subconsciente, cada um desses personagens significa algo que necessitamos ou necessitaremos.

Os médicos, com os seus aventais brancos, lembramos quando estamos doentes, cuidando da gente com os seus remédios docinhos (xarope*Bactrim), o policial para nos proteger dos “homens maus” enquanto estamos brincando, já o professor aquele que, nos ensina a ler e escrever, fazer continha, desenhos, o tempo que passamos na escola nos dá a intimidade de chama-los de tios ou tias.

Eu escolhi ser professor!!! Por quê??? Por ser um sonhador!!! Meus pais apoiaram muito (deve ser por isso que a cada dia me dedico mais), alguns colegas estranharam, mas incentivaram, outros perguntaram o que eu queria da vida, chamaram de louco, que iria trabalhar só para comer. Contudo já estava decidido, e ingressei em licenciatura de Educação Física.

Foram três anos procurando assimilar todo o conteúdo, os macetes, as dicas, observava os gestos, a postura, as condutas, a maneira de comunicar, tudo aquilo que poderia ser indispensável para se tornar um bom professor, e vou dizer: “Não é fácil”.

Ser professor é reunir as três personagens e mais alguns em apenas um, além de ter que desenvolver o conteúdo da disciplina (esportes, jogos, lutas, brincadeiras, ginástica, atividades rítmicas e conhecimentos sobre o corpo), temos que cuidar quando estiverem precisando de atenção, quando machucam-se em alguma atividade (devemos evitar, mas pode acontecer), é ser o pacificador nos desentendimentos, é unir os separados, é mostrar como comportar-se de maneira crítica e responsável perante o mundo, é integrá-lo ao meio conscientes das diferenças que encontrarão de etnias, religiões, visões políticas, sexo, classes sociais, é mostrar e fazer com que use as diferentes linguagens ( matemática, artes, biologia, filosofia, etc.), é ser firme nas horas certas (não ser necessariamente austero), é propiciar segurança quando em alguma atividade estiverem inseguros, e poderia enumerar mais coisas.

Entendem porque a profissão de professor é “abençoada”, de pessoas comuns que quando entram nas salas de aula (no meu caso as quadras) viram sonhadores, transformam-se em super-heróis, em artistas (onde nem sempre os espectadores contribuem com o espetáculo), em políticos, em amigos, em pais e mães, em psicólogos, em padres, em palhaços. É uma dádiva de Deus, principalmente para nós que vivemos com uma perna na utopia e outra na realidade.

Tudo bem, reconheço, muitos não agüentam e acabam mudando, isso é natural, porém no meu caso espero continuar por muito tempo, segurando uma bengalinha na mão, adentrando na quadra e quem sabe ter a satisfação de ver os meus alunos transformados em homens e mulheres, trazendo os seus filhos ou netos e apontando com o dedo (para você) todo orgulhoso falando:

- “Sabe aquele velhinho ali, eu tive a sorte de ter tido aula com ele, e auxiliou demais na minha formação junto com os meus pais”.

Nunca seremos perfeitos, ser professor é, além de ensinar, aprender todo dia, não há uma receita pronta, antes de ser professor continuo sendo um eterno aluno, só que um pouquinho mais “velho”, é ser um pedaço de ponte para a travessia, ser professor é ser um sonhador.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 23/05/2009
Código do texto: T1609707
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