FAMILIA

Os tempos são outros. Mudaram conceitos, comportamentos, as regras são diferentes.

Mesmo assim, imaginemos um casal apaixonado. De mãos dadas, olham um lindo por do sol, se maravilham com as belezas das flores, se extasiam diante do sorriso de uma criança.

Casam, planejam uma vida à dois, partilhando das alegrias e das tristezas e formam um lar feliz, onde os filhos são suas alegrias, suas graças. O pai atento busca o sustento da familia, através do trabalho árduo, não deixando nada faltar para os filhinhos queridos, a linda garotinha, doce e serena, brincando com as bonecas e o garotão pronto para partilhar de doces traquinagens, cavalgando em seus ombros fortes, buscando emoções nas lutas de mentirinhas, trepando em árvores ou correndo atrás de uma bola de futebol.

A mãe é a que conta as historinhas ou então canções de ninar atenta para seus olhinhos que vão se fechando aos poucos, até o sono chegar gostoso e sereno, apagando suas vitalidades.

Crescem num piscar de olhos e logo estão nas escolinhas, aprendendo com as titias noções de sabedorias, brincadeiras com os coleguinhas, despertando suas inteligências.

A idade da puberdade é confusa e cheia de interrogações e dúvidas.

É aí que o pai deve exercer a paternidade em toda sua plenitude, orientando-os para os perigos existentes e mostrando as realidades dos que se perderam nos vícios das drogas e da prostituição, ainda tão jovens, perdendo suas vidas tão prematuramente, por falta de carinho e amor.

A mãe atenta, amiga, confidente de todas as horas, por ter mais aberturas, deve orientá-los para a sexualidade que está aflorando, pois sendo carinhosa, abre caminhos e penetra no mais íntimo de suas personalidades, orientando-os para não cairem nas armadilhas lá fora.

Fase adulta, dos desafios, do amor aflorando, troca de olhares, a impetuosidade da fase sexual não aceitando barreiras, adrenalinas efervescentes querendo buscar reciprocidades gostosas, mas perigosas diante de todos os riscos que hoje estão à espreita.

Namoros, o amor se mostrando vigoroso diante da troca de afetos e culminando com o casamento, unidos pelos laços sagrados do matrimônio, um à cada tempo, pois são dois filhos gerados com muito amor e agora estão trilhando seus caminhos e os pais orgulhosos, sentem-se com o dever cumprido, pois exerceram a paternidade com toda dignidade.

Seria assim, uma familia bem constituida, alicerçada numa base sólida, onde o amor foi sempre presente e agora resta aos pais aguardarem ansiosamente os netos que virão para alegrarem seus dias, mais descompromissados, sendo avós cúmplices de suas artimanhas, que tudo fazem, não importa, para eles são disponíveis, atendem suas vontades.

Infelizmente hoje a estrutura familiar está se deteriorando, o vínculo de um compromisso adquirido diante de um altar sagrado se rompe com facilidade, os casais se separam e os filhos ficam à mercê de disputas, brigas, animosidades, ódios acumulados, falta de carinho e sentem-se então perdidos, solitários, perdendo todos seus alicerces.

Tornam-se então rebeldes, não obedecem, desconhecem o respeito, e a violência é a marca de suas personalidades deterioradas. Procuram outros caminhos, roubam, envolvem-se no perigoso mundo das drogas e da prostituição, que consomem suas vitalidades, destruindo o conceito do belo, corpo bonito próprio de uma juventude vaidosa e não se importam, ficam sujos, maltrapilhos, esqueléticos, cheirando mal, farrapos humanos que dormem nas sarjetas, sem teto para morar.

A morte lenta e inevitável é o caminho final de quem tinha tudo para ser sonhador, ter ambições, conhecer o belo, ser feliz, aspirar o perfume das flores, extasiar-se diante do sorriso de uma criança, encantar-se com a natureza, projetar em seus sonhos uma linda garota para ser sua namoradinha e com ela partilhar de todas as alegrias.

Jairo Valio

25-05-2009