Casa de Poeta.

Amanhecia constantemente na casa da poetisa. Alaranjado brilhante, para ser mais exata, foi a cor da casa de Adélia Prado, durante muito tempo, conforme o poema.

Casa de poeta ou coisa de poeta?

Não importa.

Importa a cor amanhecida e linda.

Não me sentiria confortável amanhecendo a toda hora. Minha casa seria azul celeste ao meio-dia. Quando a tarde caísse eu a pintaria de dourado e ficaria na frente admirada até me dar conta da noite que nunca falta e se adianta nessa época do ano. Com minha falta de jeito pintaria estrelas destorcidas e uma lua nova no cantinho.

Casa colorida é para poetas do porte de Dona Adélia. A minha é revestida de pastilhas sem gracinha, mas bem prática para a manutenção diz o senhor síndico.

Ainda assim vejo a rua, carros, gente e árvores daqui. Se espichar a visão alcanço um rasgo do verde que cobre as dunas que me separam do mar.

* Inspirada na casa alanrajada de Adélia Prado:

Impressionista

Uma ocasião,

meu pai pintou a casa toda

de alaranjado brilhante.

Por muito tempo moramos numa casa,

como ele mesmo dizia,

constantemente amanhecendo.

Adélia Prado.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 26/05/2009
Reeditado em 08/10/2010
Código do texto: T1615566
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