finalmente: CHORO

Quando me sinto num beco sem saída busco os sábios, filósofos, espiritualistas.

Sempre foi assim.

Encontro certo conforto nisso.

Sempre aparecem saídas ou respostas para minhas indagações.

Hoje acordei com um choro engasgado na garganta.

Passei o dia todo sem identificar a razão desse choro contido.

Aparentemente não tenho razões para chorar: nem de alegria nem de dor.

Então me aconchego nos meus tesouros: os livros.

Naturalmente que obtive reposta apesar do choro continuar lá: enroscado nos olhos e na garganta.

Penso nas minhas fragilidades.

Afinal ser frágil é condição humana e nem sempre me permito tal façanha.

Adoro carregar o mundo nas costas.

Meu caminho não mudou, permanece.

Mas tenho um novo jeito de caminhar, isso sei.

Invento meu futuro sem muito questionamento.

Meu único poder concreto é o pensamento.

Minhas emoções continuam gerindo minha vida e comandando meu barco.

Ao mesmo tempo pago preço alto pela minha lucidez: angustio.

Não ignoro minha ignorância.

Reconheço-a e da mesma forma a aceito como algo meu.

Tenho tentado falar e agir em concordância com minha fala.

Mas nem sempre consigo.

Torno-me incoerente e não gosto quando acontece.

Faço da vida momentos.

Sempre encontro oportunidade para o crescimento pessoal.

Vivo o amor, mas não acredito na sua eternidade.

Amores são efêmeros: acontecem e passam.

Não consigo relações empáticas, apesar de buscá-las com avidez.

Assim, falando comigo um pouco de mim: finalmente choro.