QUALIDADE DE VIDA


Foto de: Arnaldo Agria Huss


Nesses tempos modernos, ‘de vez em sempre’, surge alguma nova frase, expressão ou uma simples palavra que vai fazer a diferença por um bom tempo na vida das pessoas. Uma que considero ridícula é a expressão “terceira idade”. Não pelo fato de encontrar-me quase lá, mas pela própria expressão em si. Afinal, quais seriam então a primeira e a segunda idades? Existiria uma quarta idade? Coisas para o idiota (ou a idiota) que inventou tal expressão explicar, algo que até hoje, pelo que sei, não foi feito.

          Outra expressão que já tomou conta e integra o vocabulário das pessoas, mas sobre a qual ainda não há consenso sobre sua definição, é Qualidade de Vida. Todos falam nela, mas, ao serem inquiridos sobre seu real significado, não sabem por onde começar. Ou seja, falam com aparente propriedade de algo que desconhecem totalmente.

          Entendo que Qualidade de Vida é mais do que ter boa saúde. É estar de bem com você mesmo, com a própria vida, com as pessoas de seu relacionamento. É estar em equilíbrio com o espaço que você ocupa durante sua existência.

          Para encontrar e manter-se nesse equilíbrio pressupõem-se muitas coisas, como, por exemplo, ter hábitos saudáveis, saber balancear a vida pessoal e profissional, ter tempo para o lazer e para a atividade espiritual. O próprio ambiente em que vivemos, a fase da vida em que nos encontramos, a nossa expectativa em relação ao futuro e nossa herança familiar e cultural são fatores que também podem influir diretamente.

          Tenho certeza de que para termos a tão falada Qualidade de Vida não são necessários muitos malabarismos, nem atividades megalomaníacas. Pelo contrário, tudo deve ser simples como é a própria vida.

          Diz a história que o ex-presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson foi o primeiro a empregar tal expressão, ao declarar, em 1964, que “os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” (sic).

          Qualidade de vida é quase um chavão nos dias de hoje. Geralmente ela aparece como uma afirmação onde não há necessidade de explicações, pois quem a emprega tem a certeza de que quem lê ou ouve sabe do que se está falando. Só que não é bem assim, pois aquele que lê ou ouve pode estar pensando em coisas totalmente diferentes.

          O Grupo de Qualidade de Vida da divisão de Saúde Mental da Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, definiu, em 1974, Qualidade de Vida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

          Existem condições básicas para isso, como: ter o que comer, onde morar, saúde boa, liberdade de escolha. Poder e saber exercer seu livre arbítrio. Quando isso não existe, torna-se prioridade número um e não há muito que se discutir.

          Infelizmente vem a ser uma verdade que o ser humano passa seu tempo em um constante mal viver. Não tem, ou tem poucos momentos de felicidade e prazer. Isso o deixa mais suscetível às doenças o que me faz lembrar que “ter quantidade de vida é importante, mas é muito diferente do que ter qualidade de vida”.

          Faça a si mesmo as seguintes perguntas, apenas para se posicionar:
          - Estou sendo feliz no que faço (trabalho, lazer, relacionamentos, família...)?
          - Meus objetivos, metas e planos previstos ainda são válidos para os dias de hoje?
          - Do que estou abrindo mão em função das atuais opções?
          - Onde e como estou contribuindo para a qualidade de vida de outras pessoas?
          - O que estou fazendo para ser mais feliz?

          Não faça desses questionamentos um pesadelo, mas sim um constante processo de desenvolvimento interior. Qualidade de Vida é uma busca pessoal e social, busca essa que deve ser constantemente reavaliada e reajustada.

          Temos uma tendência perniciosa de achar que viveremos eternamente, e que, portanto, poderemos sempre adiar tudo, mesmo as coisas boas. Isso não é bom. A Qualidade de Vida tem alguma coisa de “aqui e agora”, e algo que poderíamos chamar de “planejar o futuro”.

          Ser competente na gestão da própria vida, deve fazer parte das prioridades e dos objetivos de todos nós.
 
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