Ave

Ave

1987

“Há tantas violetas velhas sem um colibri.”

Zé Ramalho

Você esta tão suja, velha cidade. Daqui tuas luzes indicam a tua velhice. Eu estava tão só e chegam vozes, produtos teus. O moro não é tão alto, mas tu, tu estas tão decadente. O pequeno precipício à minha frente não me anima. Não posso ter certeza de nada, Cair pode não ser tão bom.

Tu estas tão suja, pequena cidade. Teus servos vem me contar pequenas historias de teu ventre. Insetinhos da noite procuram luzes.

Sabe, suja e velha cidade, eu desejo tanto morrer. Sabe, suja e bela cidade, teus recantos tem as sombras; tuas ruas tem os caminhos; tuas janelas escondem, não aquilo que desejamos ver, mas a mentira do estábulo.

Eu desejo tanto, tanto, velha e carcomida cidadezinha. Mas o que tens em tuas luzes? Os insetos fogem de ti e vagam pelas sombras quentes. Eu desejo tanto morrer, velha e sábia cidade. Mas eu estou vivo, pois apesar de tanto desejo, fico esperando que me matem. Mas, não vale a pena. Teu pequeno precipício tem servos de olhares severos.

Não velha cidade, tu morres, mas não me leva contigo.

César Piscis
Enviado por César Piscis em 02/06/2009
Código do texto: T1629243
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