Texto perfeito

Todos os dias, nas minhas solitárias madrugadas, sento em frente ao computador e tento escrever um texto, não qualquer um, mas o “texto perfeito”, aquele onde todos os que tivessem a oportunidade de ler não o deixaria despercebido, ficariam encantados, admirados com as palavras, que uma posterior a outra formariam frases e parágrafos eminentes, como que já esperassem há muito tempo serem colocadas daquela maneira, igual um jogo de quebra-cabeças, onde as peças precisam ser encaixadas no seu devido lugar ou qualquer peça fora de posição se torna impossível a sua montagem.

O “texto perfeito” que sonho em escrever mudaria, a partir dele, todo o conceito e método de uma boa escrita, a sua publicação tornar-se-ia referência para todos os outros, nas escolas e faculdades a sua leitura seria indispensável, nos vestibulares estaria sempre entre os primeiros mais citados, junto com outros bem conhecidos, e até então muito bons, se tornaria obrigatório a sua menção quando perguntado sobre os dez melhores textos da literatura brasileira.

Essa “obra prima” que tento escrever seria comparada com os maiores feitos de outros gêneros, a sua comparação alcançaria outros segmentos de obras primas como quadros, esculturas, construções, invenções, fórmulas físicas e químicas, procurariam estuda-lo, tentando entender o que eu pensava naquele instante, quando começou, como conseguiu, assim como acontece até hoje com o quadro “Gioconda, Monalisa” de Leonardo da Vinci, ou as esculturas misteriosas de pedra na Ilha de Páscoa, os desenhos gigantes no deserto dos Andes, as pirâmides do Egito, a cidade de Machupichu, no Peru, ou o E= M . C² de Albert Einstein, a arquitetura gótica da catedral de Barcelona, a arquitetura moderna empregada na China, no Japão e no Oriente Médio, aos traços de Oscar Niemeyer, e até da grande muralha da China.

A harmonia das letras estaria de tal forma que poderiam comparar a um desfile de escola de samba campeã no Anhembi, o enredo, a evolução, a comissão de frente, a bateria, A MULATA passista, o casal mestre-sala e porta-bandeira, em uma única sintonia apenas aguardando a nota “DEZ”.

A repercussão estaria no mesmo nível das conquistas de Alexandre O Grande, da abertura do Mar Vermelho, das grandes guerras mundiais, do descobrimento do Novo Mundo, causaria tanto impacto como o dilúvio bíblico, a erupção do vulcão em Pompéia, as sete pragas do Egito, o maremoto da Oceania, os grandes terremotos da história, o naufrágio do Titanic, a odisséia de Ulisses, o desaparecimento dos dinossauros, ficaria marcado como as músicas do Rei Roberto Carlos, os mil e tantos gols de Pelé, a banda dos The Beatles, o rock de Elvis Presley.

Comparações não faltariam, o “texto perfeito” seria erguido no mesmo patamar da descoberta do fogo, da invenção da roda, a chegada dos primeiros homens na América vindos da África (isso na evolução do homem na Terra), a invenção da escrita, o primeiro voo de Santos Dumont em seu famoso 14 bis, a não tão bela criação da bomba atômica, a invenção da lâmpada por Thomas Edison, a descoberta da pólvora.

Contudo ainda não consegui esse “texto perfeito”, e para falar a verdade dificilmente conseguirei, ou melhor, nunca conseguirei. Por quê? Simplesmente porque não escrevo como uma obrigação (os maiores escritores colocaram os seus nomes na história sem essa preocupação) é um hobbie, uma diversão, um passatempo gostoso, uma brincadeira com as letras sem regras, como um pássaro que canta sem saber do seu belo canto, como o Sol que nasce e se põe todos os dias, a Lua com as suas quatro fases.

Essa loucura de procurar encontrar o “texto perfeito” só atrai noites sem sono, estresse, má alimentação, angústia, ansiedade, frustrações, Deus me livre disso, todas as madrugadas quando sento em frente do computador, me pergunto se hoje preciso disso (escrever), se começo a digitar e utilizar o delete muitas vezes, desligo o Pc, me levanto e vou dormir, nada como uma boa noite de sono embaixo das cobertas, afinal amanhã tem mais... Bom, agora preciso dormir, não foi desta vez que consegui, BOA NOITE A TODOS !!!!

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 04/06/2009
Código do texto: T1631501
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