Nossa relação não é profissional
 
O namoro estava o início ainda.Mas um dia eu me zanguei com o meu marido e disse-lhe:
 
-Eu não sou sua paciente!
 
O desabafo se deu porque eu senti que estava ao lado do psicólogo Paulo e não do namorado.E se eu quisesse passar em uma consulta, o mais ético seria procurar outro profissional.
 
Ele nunca mais me tratou assim nesses dez maravilhosos anos.
 
De uns tempos para cá, tenho percebido que muita gente pauta a relação da mesma forma.Trata-se o outro como se fosse parte de uma relação comercial e não afetiva, como deveria ser. O amigo, a esposa, o filho acaba se transmutando em cliente, paciente ou aluno aos olhos do tal “profissional”.
 
E o mais grave desse tratamento, é que muitos reagem negativamente à “desobediência” do outro.Se é psicólogo, o parceiro está em crise; se é professor, aplica-se suspensão, notas baixas ao desempenho alheio; no caso de advogados, o “cliente” está lhe faltando com a verdade, pensa-se então nos danos morais, legais e tudo o mais.
 
Há adultos que se comportam feito a criança que é dona da bola de futebol.Se as coisas não saem de acordo com seus preceitos, o jogo está desfeito.A amizade está acabada.O romance terminado.
 
Não aceito ser tratada como não mereço. Amigo trato como amigo, amor como amor, filha como filha.

Não vou me deitar no divã de quem eu nunca contratei!

E eu que gosto de escrever uns poeminhas tortos de vez em quando, acho que relação comercial não rima como afetiva. 

 

(Maria Fernandes Shu – 07 de junho de 2009)

 


Maria SHU
Enviado por Maria SHU em 07/06/2009
Código do texto: T1636229
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