Clássico ou científico?

Quando digo aos jovens que fiz o clássico, eles caem na gargalhada. Aí, só para atrapalhar, acrescento que os meninos faziam o científico. Eles ficam boiando. Então continuo, dizendo que aos doze anos eu estava na primeira série e estudava francês, inglês e latim. Pensam que eu era retardada, não conseguem entender como alguém podia entrar na escola com essa idade. Além disso que maluquice era essa de estudar latim logo de cara? Para complicar mais um pouco, explico que em latim há declinações, que eu penava ao solfejar nas aulas de canto orfeônico e não acertava fazer macramê naquelas de trabalhos manuais. Desenhava gregas com nanquim e para que os trabalhos ficassem bem apresentados, usava mata-borrão. Colava mapas com papel de seda e fazia provas com caneta-tinteiro Parker 51. Antes de entrar no ginásio, porém, depois do quarto ano, tive que prestar o exame de admissão. Nos exames orais do vestibular fui bem, graças a Deus, entrei em Neolatinas na Maria Antonia. Mais tarde, estudei por uns tempos na Católica. Para ir ao colégio, pegava o camarão, mas nunca conversei com motorneiros. Descia sempre na ilha e carregava meu classificador no braço, porque não cabia na mala. Ao chegar à escola, apresentava minha caderneta à vigilante.

Pior do que isto, só mesmo grego ou o samba do crioulo doido.