NAMORADOS!...
Eu os vejo em todo lugar; aconchegados nos bancos de jardim,agarradinhos nos cinemas,chupando drops de anis ou repartindo um “combo” de pipoca e coca-cola.Estão nos parques,caminhando juntos,respirando luxúria e esperança;aliás,namorados não têm esperanças,têm certezas;a certeza do amor eterno,dos beijos quentes,do abraço doce e infinito.Mirìficos,sublimes,extasiados com a beleza do mundo.O por-do-sol foi feito para eles;o luar é seu;os versos de amor,foram eles que os inspiraram.Namorar é estar em estado de graça.
Quando passam,seja nos uniformes escolares,no esplendor da adolescência,seja nas baladas,a sacudir-se prá cá e prá lá,seja nos cinemas,trocando carícias proibidas,meu coração se aperta.
Um dia-helás-esse encantamento vai passar e eles ficarão como a maioria de nós,casmurros,calados,tristes,desesperançados,desanimados,descrentes.Lábios murchos lamentando a ausência de beijos;mãos que não acariciam,dedos em riste,olhares ríspidos.Onde se escondeu o amor?Cadê os doces amantes que criavam instantes mágicos?
Não,não podemos nos permitir arquivar as esperanças!
Temos que continuar sonhando com uma casinha á beira-mar,ouvindo o canto dos pássaros,enviando e recebendo rosas.È nosso dever manter,de pé,o sonho!
Sei que cultivar o amor é tarefa difícil. Não amamos uma pessoa ,porque ela são várias,mudam constantemente com o passar do tempo,mudam os valores,os desejos,as expectativas;mas,o amor é sagaz,sabe contornar obstáculos,reconhecer perigos,o amor determina nossos passos,nos conduz.Sua lei é sagrada.Irrevogável!Só nos resta obedecer.
Se uma vez houve amor,ele permanecerá;não falo da atração dos sentidos,da peça que a natureza nos prega para que perpetuemos a espécie,seu único interesse.
Falo daquele amor antigo,cheirando a lavanda,com cheiro de castidade,aquele amor suave,duradouro,sem exigências nem pedidos.Um amor de sólidas raízes,capaz do perdão e da compreensão,a cada dia mais amante.
Quando conheci o meu amor ele tinha todos os cabelos, um peito de transatlântico,uns olhos doces e uma fome de viver que me encantou;diziam que ele era belo;não percebi,estava apaixonada.Hoje,seus olhos perderam a frescura,alguns cabelos também se foram,uma barriguinha incipiente apareceu;ás vezes,resmunga um pouco;não sei,vinte e dois anos depois continuo apaixonada.
“Atirei um limão n’água,
Foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.
(Drummond de Andrade)
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 12/06/2009
Código do texto: T1644832
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