Neide Duarte

Há tempos queria escrever sobre ela, que é, sem sombra de dúvidas, uma das poucas profissionais que se destacam com ênfase no jornalismo nacional, de quem, nós brasileiros, devemos nos orgulhar.

Acredito que o imediatismo da notícia, muitas vezes provocado pelo curto tempo disponibilizado pelas emissoras aos jornalistas para criarem algo mais elaborado e enriquecedor aos olhos de quem esta do outro lado da telinha, certamente é um gravame, que, infelizmente, torna a reportagem um produto descartável, que a gente pega da TV, usa e depois esquece. Com a restrição do tempo, a capacidade criativa de quem elabora a reportágem é cerceada na mesma proporção, gerando consequentemente, um empobrecimento da qualidade da imprensa televisiva como um todo.

Na contramão dessa realidade, Neide Duarte se destaca, pois sempre busca em suas matérias uma abordagem diferente sobre o assunto a ser tratado, não raras às vezes acabando por surpreender os mais atento. Com uma voz inconfundivelmente serena e acolhedora, ela conduz suas reportagens sem pressa, ainda que resumidamente, fala com tranqüilidade, quase recitando seu texto, diferentemente dos demais que se vê habitualmente, regurgitando todas as informações de uma só vez, de forma quase industrial.

Acredito que a objetividade, que é parâmetro para se estruturar a reportagem, apesar de infalível é demasiadamente pobre. Afirmo (na qualidade de mero especulador) que a inteligibilidade do que se propõe a apresentar na matéria pode ser conseguida com abordagens alternativas (como por exemplo: sob um ponto de vista incomum, mas intimamente pertinente ao assunto, ou ainda, utilizando-se recursos estilísticos para valorizar o trabalho, como metáforas, poesias e etc.) sem perder de vista o fim último (informar o telespectador), mas sendo criativo e inovador. E é isso que a Neide procura fazer.

Primorosas são as diversas reportagens que tive a oportunidade de assistir, a maioria delas elaboradas com uma roupagem poética, onde ela trata do assunto sem ambições, quase que abstratamente, expondo a realidade material do 'objeto' da matéria e do seu conseqüente reflexo no tempo/espaço existencial, induzindo o interlocutor a reflexão posterior do assunto.

Famosa pelo engajamento social manifesto em grande parte de seu trabalho, inclusive nos livros de sua autoria, recebeu inúmeros prêmios por sua obra e, quanto a mim, sou apenas um fã que dedicou essas breves e modestas linhas a essa repórter incrível que tanto admiro.

[rh.10.06.09.01:00]

Ricardo Henrique
Enviado por Ricardo Henrique em 12/06/2009
Código do texto: T1646014
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