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Antônio, o santo, o nome...

Ao meu amado secreto, Castro Alves.

Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:(...) me dão prudentes conselhos,
mas eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vidas ligadas
Antônio lindo, meu bem, ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio. Para sempre tua.
[Bilhete Em Papel Rosa- Adélia Prado]



      
Minha relação com Antônio, o Santo, sempre foi muito especial. Minha avó materna, a única que conheci, vivia de segredinhos com ele, fazendo simpatias e novenas, pois para ela era também o santo da fartura e, já que tinha dezessete filhos, viúva, precisava sempre de sua proteção para sustentar a família. Nunca esqueci que seu depósito de farinha tinha sempre um pão lá dentro - o pão de santo Antônio - para garantir que naquela casa nunca faltaria o pão de cada dia. E nunca faltou mesmo.
     Para provar que não há exagero no que digo, que  é um santo especial, começo por contar que nasci no seu dia. Minha mãe se divertia na primeira festa junina do ano de 1963 e eu, já prenunciando a festeira que seria, resolvi aparecer. Ela saiu de fininho da festa, mal conseguiu chegar em casa e despenquei nesse mundão de Deus, segundo minha avó – que se chamava Antônia- pelas mãos do santo e da parteira.
       Meu pai, todo feliz, foi soltar os foguetes, segundo a tradição: “se for menina, um a um e bem maneiro”. Pronto!Nascer em dia de festa é tudo que uma alma que se anuncia festeira, como a minha, podia desejar!
      Bem que minha avó tentou convencer minha mãe que Maria Antônia era um nome especial, mas não conseguiu. E minha avó tratou de convencer o santo que não importava o nome: eu sempre teria uma alma Antônia.
       Comemorar aniversários na roça, naquela época, não era muito comum e até nisso dei sorte: no meu sempre havia festa!Tinha fogueira, bandeirolas no ar, fogos, comidas típicas e muitas brincadeiras. Houve um ano até em que meu pai mandou anunciar na rádio local, acho que foi quando fiz seis anos, e meu presente foi música: “Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai cabelo loiro, vai "cabar" de me matar” e logo depois, “Moreninha linda/ Do meu bem querer é triste a saudade/ longe de você”... Amo Tonico e Tinoco desde então.
        Quando comecei a namorar, meus eleitos tremiam - imagino eu- quando descobriam que meu aniversário era um dia após o DIA DOS NAMORADOS. Imaginem não um só, mas dois presentes... Felizmente nunca nenhum fez queixa ... Vai que meu santo protetor se zangasse...
         Posso garantir pra vocês  - se fosse o caso,  diria sem problemas - que nunca fiz nenhuma novena, nenhuma simpatia casamenteira porque nunca precisei... Provavelmente ELE,  tomado de amores por mim, prestava a assistência necessária para manter meu sorriso em alta, minha alma ANTÔNIA feliz.
         Não fui batizada Antônia, mas ELE, o Santo sempre fez questão de ficar por perto, pois sabe da minha "alma antônia". Além de minha amada avó,  tenho tio,  primos,  cunhado, amigas e amigos queridos  ANTÔNIOS E ANTÔNIAS. Para completar  - essa é demais! - me arranjou um amor na vida que também tem ANTÔNIO no nome! Coincidência boa, não?
         Pois é... como se diz prás bandas de cá, diga aí se ELE não tem mesmo um xodó por mim? Então, obrigada, meu santo por me querer tanto bem! Hoje é nosso dia! O meu, de vida, o seu, de morte, mas como santo tem vida eterna, as festas lá do céu devem ser tão boa como as de cá. Espero continuar merecendo seus cuidados e sua assessoria celestial por muito tempo ainda!

              Beijo de minha alma ANTÔNIA!