UM SEQÜESTRO...NADA RELÂMPAGO !

Era dezembro. Mês em que sempre passo as minhas férias em Londrina. Na casa dos meus padrinhos.

Estava uma noite agradável e todos conversavam na varanda da casa da fazenda.

Eram muitas estórias. Vários acontecimentos que eram contados pelo meu padrinho com muita propriedade. Começava a falar e todos logo paravam o que estavam fazendo, pois adoravam escutá-lo.

Acho que esta vontade de escrever herdei dele, pois encantava-me ao escutá-lo. Ficava admirada com tanta criatividade e por isso comecei a imitá-lo e estou engatinhando nos meus escritos.

Estávamos escutando a estória do jovem que queria ser piloto, mas tinha medo de altura, rsrs, quando o telefone tocou.

Como o meu padrinho estava mais perto, atendeu e fez uma cara de preocupado. Olhava para Natally, minha prima, com muita ternura. Pegou um papel e anotou um endereço. Falava compassadamente e denotando muita preocupação, pedia à pessoa que tivesse muita calma. Ele logo estaria no tal lugar.

Todos observavam meu tio e não entendiam o porquê daquele telefonema, até que ele desligou, dando largas gargalhadas!

Todos se entreolharam pateticamente, sem nada entender.

Depois de muito rir, chamou alguns empregados da fazenda. Eram homens fortes, destemidos e acostumados a fazer trabalhos difíceis e pesados.

Foi ai que ele nos explicou sobre o telefonema. Disse-nos que era um seqüestro. Tinham pego a Natally, sua filha.

Todos ficamos sem entender nada outra vez, pois ela estava ali, junto com a gente.

Foi ai que meu padrinho, explicou-nos que ia dar uma lição nos "safados" do telefonema.

Fingiu que acreditou na choradeira da mocinha que se passava pela minha prima e ia junto com os seus homens dar um corretivo nos bandidos sabidinhos.

Minha madrinha, começou logo a chorar com medo de acontecer alguma coisa com seu marido, mas este estava irredutível.

Disse que se esses bandidos estavam tão sem limites e com a certeza da impunidade, a culpa era nossa que com o passar do tempo, nos acomodamos, viramos frouxos.

Minha madrinha então disse que só concordava com aquela loucura se ligassem para polícia.

Meu padrinho, deu de ombros, argumentando que quando se precisa dela, fica-se na precisão.Eles nem aparecem!

Mesmo assim, meu primo ligou, dando o endereço que passaram para o meu padrinho e onde teria que deixar o dinheiro do suposto seqüestro.

Saíram todos. Parecia uma comitiva.

Quando estavam próximos do lugar, deixaram os carros escondidos e espalharam-se, para dar proteção para meu padrinho.

O lugar escolhido era uma praça um tanto escura.

Meu padrinho levava uma maleta com alguns jornais, parecendo o dinheiro do resgate.

Posicionou-se estrategicamente num dos lados da praça de modo que tivesse a visão dela toda e sob a proteção dos seus homens.

Todos estavam atentos e preocupados, pois era uma investida imprudente e perigosa.

Depois de um tempo, surgiu um homem encapuzado com uma moça também com a cabeça coberta. Mantinha-a presa perto dele.

O homem falou para passar a maleta sem tentar nada, se não a moça morria.

Meu padrinho encenando o pai desesperado, pediu muita calma. Ia deixar a maleta sobre a mureta e que ele libertasse a sua filha.

Deixou a maleta, afastando-se até ficar bem protegido e mais perto dos outros.

O Homem veio empurrando a moça para pegar o dinheiro.

Nisso os homens, já estavam atentos e quando o bandido abaixou-se para apanhar a maleta, correram pra cima deles, que com a surpresa, foram logo imobilizados.

Não se livraram de uns sopapos bem dados e não levaram um corretivo maior, porque a polícia chegou, levando-os presos e tirando-os pelo menos por um tempo do convívio de pessoas descentes e que merecem uma vida digna e de qualidade melhor.