Sem laços
Viver sem laços.
É possível?
Talvez.
Já regredi até minha infãncia.
Refiz meus conceitos de certo e errado.
Questionei infinitas vezes minha existência.
Talvez a vida sem laços seja a única forma de liberdade possível.
O autoconhecimento.
Mas para exercitá-lo é preciso conviver?
Compartilhar?
Misturar-se a outras pessoas?
Quando me misturo de alguma forma responsabilizo as outras pessoas pelo que deu certo e pelo que não deu.
Tento não dramatizar muito minhas perdas, fracassos, solidão, desamores.
Passou.
Mas ficou?
O que ficou?
Não foram laços.
As vezes me percebo olhando apenas para meu próprio umbigo.
Importa apenas o que eu sinto, quero e sou.
E para o outro?
Restou?
Ficou?
O que aconteceu realmente?
Perdi?
Perdeu?
Perdemos?
Ou nos encontramos, separadamente?
Houve frases que não consegui pronunciar.
Gestos que não pude realizar.
Sonhos que ignorei.
Na solidão sinto-me preservada.
Acompanhada, um tanto limitada.
Viver sem laços?
Sei não...
Talvez...