REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

Um dia acordei insone, abri a porta para receber o vento da madrugada, e percebi que havia aberto uma porta no tempo, pois eu não estava mais em minha casa e aquela não era a minha cidade. Resolutamente eu caminhei pela vereda que à minha frente se assomou, então notei que caminhava em direção ao mar. Parei ante um grande penhasco, ante um grande precipício onde ondas enormes arrebentavam-se nas rochas formando lindas espumas. No céu, uma lua pálida ousava iluminar aquela sombria paisagem. Sentei na relva e quando virei ao lado, percebi a sua presença incomum, até porque surgiu do nada, como tudo aquilo começara, o inexplicável! Olhei-o dos pés à cabeça e vi que era mais velho que eu, tinha cabelos encarapinhados e estava mechado de branco luminoso como a mais fina prata, era de estatura mediana, de tez negra e trajava bermuda de linho alva e camisa do mesmo tecido e cor. Ele tocou-me ao ombro e disse: finalmente nos encontramos, houve o chamado e você a mim veio, no que perguntei você me escolheu? Ele disse, não existem escolhas até mesmo porque eu sou você, somos um só desde o principio. Mais como você disse nos encontramos? Desculpe-me, eu quis dizer: nos revelamos. Estivemos sempre juntos, fizemos tantas coisas, amamos, odiamos, trabalhamos e brincamos e agora precisamos o que tem de ser feito porque estamos muito próximos do grande dia e ainda há muito que fazer porque estamos muito próximo do grande dia mais ainda há muito que fazer. Aquele que nos enviou espera muito de nós e agora é hora de recomeço, de elevar a consciência à grande espiritualidade e fazer o Maximo que pudermos, o desastre é eminente, o naufrágio já começou, mais somos fortes nele e sob a rocha maior desse penhasco erigiremos a nossa Igreja, de onde brotará a luminosidade da fé, da fraternidade e do amor que não se pode medir, ele será do tamanho dos nossos sonhos e, se sonharmos grande esse amor será maior que o mundo e as galáxias adjacentes juntas e quando terminarmos a nossa obra, cumprir-se-á a derradeira profecia.

Em tudo ouvi calado, mais no derradeiro minuto interrompi: mais que é você? Eu já disse, eu sou você! Mais então quem sou eu? Ele olhou-me no fundo dos olhos e d´alma e disse: descubra você mesmo, assim talvez encontre o verdadeiro significado da tua existência.

Nesse momento eu vi um clarão azul violáceo como os arco-íris, no meio da noite e quando olhei para o lado estava só, sentado na porta de minha casa, na calçada, com os olhos marejados d´agua e não era sereno, mais lágrimas da compreensão, afinal, eu descobrira que o grande mistério está dentro de mim mesmo, mais existem muitos esperando por essa resposta.

Airton Gondim Feitosa

tributaryagf@hotmail.com