MAS...CADÊ A GENOVEVA?

Sempre que posso procuro renovar as energias que nos são consumidas pelo cansaço de se viver nessa megalópole, lá pelos ares tranquilos das montanhas, ou pelo noroeste de São PAulo...

É certo que tranquilidade de verdade anda meio "môsca branca", posto que mesmo em cidades tidas como pacatas já se nota um nítida mudança no comportamento social, e sinais de violência pairam, assustando também os interioranos.

Porém, dia desses me vi lá pela região da minha família, na bela cidade de São José do Rio Preto, que apesar de há muito não ser aos moldes das cidades pequenas, ainda conserva aquela coisa gostosa de cidade do interior, mesclada ao modernismo e à agitação duma cidade maior.

E como há muitos anos quando para lá retorno percebo que sempre acabo por me encontrar dentro da mesma agitação dos shoppings de Sampa, desta vez fiz diferente: fui ao centrão da cidade, próximo à praça da matriz que tanto marca meus tempos de criança, e aproveitei para retornar, depois de muitos anos, ao mercado municipal , aonde tantas vezes fiz compras , comprei sorvetes e pipocas quentinhas.

Passear por mercados municipais para mim é uma atração.

E lá pude notar nitidamente como a cidade ainda preserva o tudo de bom que o tempo tenta levar das grandes metrópoles: a aproximação e a convivência leal entre as pessoas.

Mercados têm de tudo que não vemos muito por aí!

E de repente vi algo que não via há muito tempo: aqueles amendoins ainda dentro das casquinhas, porém ainda ensacados.

-Por favor dona, esses amendoins já estão a venda?

-Estão sim, -me respondeu uma japonesa da banca de hortaliças ao lado-são da Genoveva, que deu uma saidinha...vê se tem preço moça, que eu vendo pra você.

Deu-me uma caderneta de produtos e preços anotados a mão, mas lá ainda não fora lançados os tais dos amendoins.

-"Peraí" moça que eu vou buscar a Genoveva.

Como não a encontrou por perto, não teve dúvidas, gritou em bom tom pelo mercado:

-GENOVEVA, A MOÇA QUER O AMENDOIM!

O mercado inteiro foi atrás da Genoveva.Nunca me senti tão acolhida...na hora de comprar.

Foi então que percebi como as coisas mudaram nas cidades grandes, assim, como São Paulo.

Não encontraram a dona Genoveva , e eu não permiti que abrisssem o saco de amendoins sem a sua presença.

Então, pedi à japonesa um pé de rúcula...

Acreditem, eu nunca vi uma porção de rúcula tão grande,fresquinha e TÃO barata...e que durou mais de uma semana na geladeira de Sampa, sem alterar a aparência!

Penso que a senhora japonesa realmente me vendeu O PÉ de rúcula!

E eu dedico à dona Genoveva, cujo nome é real, a ternura e a saudade que me inspiraram essa crônica, assim como agradeço à senhora japonesa que me vendeu a salada de rúcula mais saborosa que já provei.

E aqui vai um recadinho:

-Dona Genoveva, prepara os amendoins...que eu vou voltar!