Como se livrar de uma "ONÇA"

De vez em quando é melhor ficar em casa, principalmente se for uma segunda-feira, pois bem, em uma dessas segundas-feiras da vida, acordei atrasado, muito atrasado mesmo, sem tempo para fazer nada direito, apenas se trocar pegar as minhas coisas e correr para a estação, no meio do caminho tive a sensação de ter esquecido algo, como não estava lembrando o que era (e mesmo se lembrasse não voltaria para buscar por falta de tempo) continuei no mesmo ritmo até a entrada da catraca, e lá verifiquei que realmente tinha esquecido algo, o meu bilhete eletrônico não estava na carteira, rapidamente me dirigi a uma bilheteria (que sempre está cheia) e entrei na enorme fila, atrasado e nervoso pela situação, aguardei dez minutos na fila (uma eternidade naquele momento).

No guichê ao abrir a carteira novamente para comprar o bilhete, me deparei com uma “onça”, procura de um lado procura de outro e nada, apenas ela, o bilheteiro apenas olhou para um aviso (troco máximo R$10,00) e balançou a cabeça, ainda tentei insistir, o que acabou transformando em um sermão tanto dele quanto dos outros que aguardavam na fila. Mais atrasado ainda e sem muita alternativa, resolvi entrar em uma padaria e beber um café puro e comer um pão com manteiga na chapa (já pensando em trocar à danada), sem pressa (o que adiantaria acelerar?) saboreei com gosto o meu café da manhã improvisado, vi as primeiras notícias do dia em um telejornal e em seguida fui até o caixa.

Com a “comanda” (papel onde coloca o valor do consumo) na mão, retirei a “onça” da carteira e ao pagar, o português não aceitou, indagou que por ser muito cedo ainda não tinha troco suficiente para esse valor, tentei argumentar, mais sem sucesso (para mim ele desconfiou que fosse falsa), em pensamento soltei um sonoro palavrão (não vale a pena reproduzir), paguei com o cartão de crédito e sai resmungando (o plano não tinha dado certo).

As horas passavam e pulando miudinho ia de um comércio a outro em busca de outro “animal” da fauna, sempre sem êxito, na última cartada entrei num supermercado 24horas e resolvi comprar algumas coisinhas para casa, escolhi o que queria e com calma caminhei ao um caixa rápido, na fila (que parece não andar quando estamos atrasados) folheei revistas de fofoca, li o jornalzinho do bairro, bati papo com uma senhora da frente, e assim que chegou a minha vez, o “sistema” caiu, mais uma vez não resisti e soltei mais um palavrão (sempre em pensamento) olhei para o relógio e desanimei, o dia estava perdido, agora era pagar e voltar para casa, descansar do final de semana (que foi a causa do meu sono prolongado e consequentemente de tudo o que ocorreu).

Relaxado, comecei a conversar com a moça do caixa (muito bonita por sinal) e com bom humor perguntei se o caixa estava com o zoológico completo, sem entender o que estava dizendo, expliquei sobre a peregrinação durante a manhã para encontrar pelo menos uma “arara”, uma “garça” ou até mesmo uns “micos”, o que fez ela rir muito, com o sistema voltando a funcionar entreguei o “felino” com gosto para a moça, que olhando para mim piscou e riu, lembrando da história, sai do local aliviado finalmente me livrava do “animal” que tanto me deu trabalho.

Durante a volta para casa comecei a rir do acontecido, a fauna brasileira estava em extinção, já em casa coloquei as compras na mesa e liguei o rádio onde tocava uma música “vou deixar, a vida me levar...”, deitei no sofá imaginando a desculpa que daria ao patrão no dia seguinte, pensei em contar a verdade, mas o “maledeto” não acreditaria.

Na manhã do dia seguinte, mal bati o cartão do ponto, o chefe chegou com duas pedras na mão, perguntando o motivo da minha falta, pausadamente respondi:

- “O senhor não vai acreditar, mais passei a manhã de ontem inteira tentando se livrar de uma “onça”... hahahaha

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 20/06/2009
Código do texto: T1657868
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