No frio... Ficamos atrás de um sorriso

No inverno ficamos atrás de um sorriso, como se o ato de sorrir nos esquentasse... O vento batendo nas janelas e nós em busca do paraíso sem saber que na maioria das vezes nossas escolhas é que nos tornam desamparados e lamurientos. Então no inverno o isolamento se faz mais intenso, principalmente, aqui em Porto Alegre. O vento minuano assopra os viventes deixando tudo numa dolorida solidão. Andam-se pelas ruas quando escurece, especialmente, nos fins de semana, parece um descampado sem uma viva alma nas avenidas. Sopra um vento sem sul nem norte, mas é muito forte. Bate nas portas e janelas, soa um zumbido deixando todos turistas um pouco perdidos. Há tantas perguntas sem respostas neste solidário caminhar pelas passagens frias de Porto Alegre, já não tão alegre.

Existem folhas secas, folhas verdes, folhas soltas... Do papelão que acalora o corpo desnutrido, do jornal que segreda mil palavras de acendimentos, enquanto a noite escurece, a droga aquece e nos teus olhos infantis ventilam a dor da drogadição e da prostituição. Perdidos em suas famílias ou de suas famílias marcam pontos pelas esquinas, paradas de ônibus sempre tão despidos de afagos, mas, repletos de sonhos destroçados pelas fumaças dos cachimbos e corpos aniquilados pela venda. Há uma falta total para essas crianças que são vindas de lares desfeitos pelas drogas, bebidas entre outras tantas coisas que nem sabemos explicar.

No inverno há uma angústia que assola as pessoas, todos vão se juntando tentando buscar alguma que os conecte com alguém. O mundo dos solitários se intensifica tudo é levado ao extremo. A dor se mistura ao frio que congela não só os corpos, às vezes já massacrados por outras chagas sociais, ou espirituais, e vai dilacerando, corroendo... Os corpos ficam mais sensíveis aos toques, aos carinhos, ao sexo que mesmo sem amor dá aconchego e calor humano. Buscam-se as aglomerações como isso mudasse mudar o que está dentro de nós. Então, se os adultos sofrem, imagine as crianças, principalmente aquelas em que foram esquecidas por um adulto, que possui somente o externo crescido. Internamente, ele perdeu-se em algum mundo das drogas, bebidas e esqueceu-se do seu serzinho que pede um pouquinho de carinho e aconchego. Esquecem-se das escolhas, do livre arbítrio....

Isa Piedras( 14/06/2009)

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 21/06/2009
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