Balanço poético: meus sem textos

Não, não escrevi errado não, é ‘sem’ mesmo, no sentido de ‘insuficiência/carência, e isso se deve as minhas publicações que adentraram a casa centesimal.

Essa semana eu publiquei meu centésimo texto no Recanto das Letras, como eu não tinha nada melhor pra escrever, nem idéia mais criativa pra trabalhar, tratei desse tema mesmo. Alias, quase todos os meus escritos nasceram dessa forma [ por não ter nada melhor sobre o que falar], prova de que sou apenas um especulador no mundo literário, alguém que, por pura vaidade, escreve as vezes, quando da vontade. O problema é que essa vontade, às vezes irremediável, esta sempre presente.

Sobram-me idéias ruins, se pudesse reciclá-las como são feitos com as latas ou papeis velhos, transformando-as em algo útil, talvez tivesse melhores resultados.

Será que é possível reciclar a própria idéia? Misturá-la com outras cores, fragmentar em pedaços menores, fundi-la no calor das emoções. Prensa-la até que se torne apenas uma única palavra?

Não sei se é possível, pelo menos eu não consigo. O mais próximo que chego disso é quando reutilizo as idéias acumuladas no fundo da minha cabeça, como num grande ferro velho.

Quando comecei, em 2007, incentivado pela minha amiga poetisa Carmem Lúcia, de quem sou fã, lancei os textos que já tinha pronto e que jaziam no fundo das gavetas da escrivaninha.

Meus cem textos...quem diria, não achava que fosse atingir essa marca em tão pouco tempo...tudo bem que desse total não se salva nem dez por cento que valha a pena ser lido. Mais uma prova de que a inspiração não pode ser aprendida/adquirida, ela é tão espontânea como o ato de piscar os olhos ou dizer atim durante o espirro.

Imaginem se eu fosse como Lispector, que acordava junto ao raiar do Sol, horário em que escreveu os melhores textos de sua vida, ou se não, como Pessoa, que tinha Fluxos de Consciência com a mesma freqüência com que eu respiro, ou, ainda, Arnaldo Antunes, que com duas chacoalhadas de cabeça enquanto olha pro teto é capaz de formular uma frase brilhante. E nem preciso ir muito longe, no Recanto mesmo, há autores formidáveis, como por exemplo, a Rosangela Aliberti e o Zé Bezerra o Asa de Águia, além de muitos e muitos outros que me fugiram o nome agora, que escrevem infinitamente melhor do eu. Invejo todos eles...mais admiro do que invejo, confesso.

Enfim, estaria mentindo se dissesse que não me preocupo com a qualidade dos meus textos, mas pouco posso fazer sobre isso. Não sou um cara orgulhoso, sei bem das minhas limitações e, mais importante, convivo bem com elas. Não me incomoda o fato de meus textos não serem ótimos textos, já me satisfaz só o fato de escrevê-los.

Escrevo por necessidade, não me considero um poeta, nem cronista, nem contista, apenas um escrevedor que corre por esses estilos [com pressa] e esta sempre a um passo da sonhada inspiração, por isso deixo meus escritos lá, para que se assentem no tempo, entre os bits e os pixel’s, engordando as estatísticas do Recanto.

Meus cem textos são sem textos, se comparados com todos os outros que ainda pretendo escrever, enquanto puder fazê-lo.

[rh.21.06.09.20:16]

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Ricardo Henrique
Enviado por Ricardo Henrique em 22/06/2009
Código do texto: T1660905
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