A INCOMUNICABILIDADE HUMANA
Semana passada estava eu num animado bate-papo com um amigo advogado quando surgiu a questão da dificuldade de comunicação entre os homens.
Dizia-me ele, que em Direito há diversos termos que querem dizer a mesma coisa e isso dificulta o exercício de sua profissão.
Retruquei que na literatura acontece justamente o contrário: há palavras iguais para expressar sentimentos diferentes.
Quando se fala em angústia, por exemplo: existe a angústia que me leva ao processo criativo, a angústia “boa”.
Já quando um direito meu é negado, isto me causa uma angústia por ter sido injustiçado, uma angústia “ruim”.
Uma angústia nada tem a ver com a outra, mas só existe uma palavra para expressá-las, daí o problema.
Quanto ao amor então nem se fala: o que uns chamam proteção, outros chamam de falta de liberdade, o que uns chamam liberdade, outros chamam desatenção. Fora a eterna confusão entre amor e desejo, paixão e ódio e por aí vai.
Meu amigo me disse que eu sempre ia fundo demais nas questões.
Eu disse que a função de um advogado é resolver as questões e que a função de um poeta é levantar as questões e que portanto todos tínhamos razão!
Então fizemos um brinde e toda a nossa incomunicabilidade desapareceu!
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