UMA FESTA JUNINA DIFERENTE

Em alguns dias entraremos em junho e começarão as festas juninas.

Quando eu tinha 6 anos comecei a fazer o primário na Escola Roma, em Copacabana, que todos os anos fazia uma enorme festa junina na Praça do Lido. Fiquei esperando durante semanas a tal festa, onde seria sorteada uma bicicleta, meu sonho de consumo de então.

Finalmente o grande dia chegou. Era início de tarde e eu e meu pai já estávamos na praça, eu encantando com as barraquinhas coloridas de prendas e comidas e com a esperança infantil (toda esperança não é sempre um pouco infantil?) de ganhar a bicicleta.

Pois não haviam-se passado nem 15 minutos quando ouviu-se um burburinho na multidão. A menos de um quarteirão de distância um carro estacionado (sabe-se lá porquê) havia explodido.

Meu pai, que era jornalista, estava com uma Nikon para me fotografar; me puxou e começou a tirar fotos do carro em chamas. Ao terminar, ajoelhou-se e disse:

- Filho, temos que ir agora para o jornal.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado, mas intuindo a importância da situação, concordei sem reclamar. E rumamos para O Globo num táxi.

Naquela tarde, pela primeira vez na vida, entrei na redação de um jornal e aprendi como se revelam as fotografias. Percorri também os largos corredores com as paredes cobertas de capas históricas: O Dia em que o Homem Pisou na Lua, O Assassinato de Kennedy, O Suicídio de Getúlio, A Conquista do Tri no México, tudo ali, gigantesco, eternizado.

Acabei não ganhando a tão sonhada bicicleta. Mas a foto de meu pai foi capa d’O Globo no dia seguinte.

E eu soube para sempre que a notícia é mais importante que o homem.

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Victor Colonna
Enviado por Victor Colonna em 23/06/2009
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