Pedidos e súplicas

Segundo uma velha tradição católica, existe uma que gostaria de falar.

Uma delas é que entrando pela primeira vez numa igreja, se você fizer três pedidos, será atendido. Há pouco mais de quarenta anos passados, entrava deslumbrado na Notre Dame de Paris. Confesso que tinha um espírito muito infantil na época. Eu gosto desse espírito, ele é puro e sem as amarguras dos que já passaram do inicio da maturidade.

Assombrado com a grandeza do lugar, quando não havia fila para se entrar em igreja, nem vários ônibus de turismo estacionados, acompanhado de um bom amigo entrei na igreja que se encontrava praticamente vazia.

Olhei a bela construção, pé direito muito alto, nervuras em pedra sustentando o teto abobadado, capelas diversas e o grande vitral perto do altar, obra da mais fina arte. Estava maravilhado.

Sentei-me num banco, continuei admirando tudo a minha volta, mas não me esqueci de ajoelhar-me e rezar. Não me recordo de quantas orações. Foi quando me veio a velha lembrança dos pedidos. Pedi pela paz entre os homens, pela saúde dos meus e pela descoberta da cura imediata do câncer, não tendo nenhum membro da família atacado por este mal. A grandiosidade que me cercava, aliada a idade ainda não capaz de formar um homem maduro foram as causas dos pedidos.

A guerra no Vietnã prosseguiu, até o massacre que os norte-americanos sofreram em Khe Shan, a maior derrota militar dos Estados Unidos já sofreram em combate. De lá para cá, o mundo não cessou as guerras. Ou seja, o primeiro pedido que fiz, não foi absolutamente atendido.

O segundo, pessoalmente, foi o mais desastroso de todos. Dois meses depois, minha mãe faleceu em desastre automobilístico. Uma crueldade sem limites. Morrer aos 49 anos de idade, sadia e com aspecto jovial é inexplicável.

Por fim, por mais esforço que a ciência lute pesquisando a cura do câncer, não parece muito fácil.

Resumindo: não acredite em crendices. E não acredite, gratuitamente, que o homem foi criado à semelhança de Deus. Pode ser exatamente ao contrário, o fraco ser humano querendo uma proteção maior.

Eu gostaria que ela existisse! Certa vez, levantei a questão com o teólogo Francis Van Baars, MSC. Calma e tranquilamente ele sorriu e disse que esta é a famosa Dúvida de Fé. Quem não a tem, não acredita.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 24/06/2009
Código do texto: T1664726
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