Adeus Michael

A morte de Michael Jackson me inquietou a tarde toda. Uma personalidade que está em exposição constante em toda a década de setenta, toda a década de oitenta, os anos noventa e com poucos meses não completa a primeira década do milênio. Pouco faltou para completar quarenta anos, pela minha precária contagem, de exposição maciça em todos os meios midiáticos conhecidos. Onde se pode ter informação joga-se uma mensagem falando de Michael. Hoje de sua morte. Pessoas assim não morrem, ganham mais dinheiro. Um dinheiro inútil a ele. São pessoas comuns que se tornam célebres demais, pelo talento que possuem e muito mais ainda quem os fazem serem conhecidos. Nasci no ano que ele começou a carreira solo, e por mais que me perguntem quem é esse ele, digo o falecido. Nem ele sabe quem era. As crianças não sabem mais quem ele é. Está muito ainda no imaginário de adolescentes e adultos, os mais adultos principalmente. Com o noticiário e o bombardeiro de noticias de Michael minhas sobrinhas assistindo a TV perguntaram quem era ele, perguntei não sabe quem é? elas nada responderam, disse é Michael, nada respondiam. Tenho na memória, inventada ou não, episódios dos Jackson Five. Uma corrida de automóveis, uns efeitos que hoje sei são psicodélicos e muito soul. Gostava dos Five e nunca me agradei do Michael solo. Também fui criado assistindo televisão, como se dizem, baba eletrônica. A TV foi meu primeiro livro, minha primeira conversa filosófica, minha primeira relação sexual, o amor não correspondido. A intimidade com o mundo. Um mundo seguro, plástico, inodoro, tinhas as ameaças pra não ver de perto para não ficar vesgo ou cego, o medo dela explodir na sua cara. Tirando os perigos sabia que ela falava comigo, e nestas aparições Michael foi apresentado. Sei que ele é o primeiro negro na história da TV a ter a mídia voltada a sua exposição constante. Foi o primeiro em muita coisa, e muito do que ele divulgou dão a ele assinaturas de criação, dono de direitos autorais de muitos famosos e autor dos próprios personagens, coreografia, textos das canções, música, produção e arranjos. Com certeza ele é um herói e se existe um Barac Obama muito se deve a Michael. As rádios se curvaram a Michael também, mudaram de estilo, e muita que tocavam soul passaram a tocar rock e pop. Eu não me curvei porque não acho isso legal, não é do meu feitio se curvar. Tem meu respeito pelo que produziu no passado, mas o presente não ta muito nobre e possui minhas dúvidas que não respondeu. Também não sou a pessoa mais correta do mundo, nem fui dos poucos que lhe julguei mal. Música é muito de gosto e o meu é outro. Não queria que fosse eternamente a criança que me encantou, nem o exemplo de menino que não devia crescer, mas que se aceitasse como é, responsável e humano. Sei que quem estava próximo de ti te amava e esse amor é o que de mais nobre e valioso das coisas que aprendemos de tuas musicas e que vai levar onde for. Adeus e visite-nos sempre que sentir saudade, porque hoje desliguei a tv!

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 27/06/2009
Reeditado em 28/06/2009
Código do texto: T1670962
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