ATÉ LÁ COMPANHEIRO

"Vou lhe receitar esse xaropinho. Se dentro de quinze dias não melhorar, você volta".

Ele, meu pai, não melhorou. Foi para o hospital e nunca mais voltou. Xarope não cura câncer, nem em quinze dias nem em quinze anos, nem em uma vida inteira. Xarope também não cura a saudade que fica, a falta que faz o pai da gente. E também não cura a falta de vergonha na cara. Mas eu AINDA confio na justiça de Deus que certamente só virá no pós morte de cada negligente e omisso com a vida de um semelhante. Por que se eu não confiar nem nisso, eu me despedaço, me desfaço em células cancerígenas e sigo atrás de meu pai. Hoje não passo de filha órfã, vítima do descaso e da inconsequência.

A vida humana, minha gente, é um presente divino. Tanto para quem necessita de cuidados como para quem pode oferecer os mesmos.

A sua vida não vale mais que a minha, por que você gastou os tubos numa faculdade. E a minha não é menos que a sua se eu lavo suas "verdades". Somos VIDA, você e eu. Somos semelhantes (?) diante de Deus. Do mesmo barro fomos feitos. Pode ser que Ele tenha usado uma água diferente para formar o tal barro. Vai ver que é por isso que uns matam enquanto outros choram. Eu nunca matei ninguém. Nem de raiva! Devo ter sido feita com barro de água mineral.

Agora, você que se diz médico, profissional no salvamento de vidas e que se omite, negligencia, estupidamente faz de conta que não viu, bom, você deve ter sido feito de um barro criado com água de um lamaçal. Por favor, vamos botar o juízo em ordem, pra funcionar. Vamos pensar um pouquinho em tudo que vemos e vivemos. Não dá pra se esconder pela vida toda, nem enganar a todo mundo por todo o tempo. É como eu disse em meu *JUÍZO FINAL*. //Use e abuse de seu direito de amor e ódio, mas resguarda-te do Juízo Final. Não enganarás a ninguém. Nem a ti mesmo.//

O grande dia chegará e é lá que vamos nos encontrar sem o invólucro da carne e todos os seus acessórios. Então...até lá, companheiro!