O Roberto?

Mente quem diz que não ouve o “Roberto”.

Todos ouvimos.

Amor gostoso o que ele canta.

Sexualizado e ao mesmo tempo romântico, doce.

Ouço nesse instante um disco dele.

Daqueles...

Músicas antigas, apaixonadas.

Isso me remete ao passado distante.

Meus primeiros amores, meu primeiro amor.

A sensação é gostosa.

As imagens passam pela minha cabeça como num filminho.

Os bailinhos, as tardes dançantes.

O primeiro amasso.

As primeiras flores recebidas.

A repressão sexual vivida pela minha geração

O violão na varanda de casa todas as noites.

Os sonhos...

Ah! Tantos eram os sonhos!

Hoje, mulher madura, pergunto-me o que foi feito deles.

O que consegui efetivamente realizar dos sonhos sonhados?

Perdi alguns deles na caminhada.

Outros ainda os tenho.

O romantismo da época ficou guardado na alma poética e me impele a escrever poemas, crônicas.

Dos valores da época guardo apenas o caráter e o lado humanizado forte na minha personalidade.

Família, casamento, amor eterno, descartei.

Homem ideal ou perfeito não existem.

Dos filhos?

Nada espero.

Apenas o reconhecimento pelo amor construído

E o respeito pela minha autenticidade e história.

Dos amores que vivi?

Que eu seja uma lembrança gostosa.

Dos jovens que por mim passaram?

Que eu tenha conseguido ajudá-los de alguma forma, acrescentado.

É...

E ouço o Roberto.

Saudosa, mas não triste.

Vivi nas suas músicas momentos inesquecíveis.

E os revivo agora solitária.

Não fantasio mais nem sonho os sonhos de adolescente.

Passou...

Passei...

Mas o Roberto?

Ficou.