O Sabor da Memória


Todo o dia quando estou dirigindo-me para o trabalho passo por esta antiga casa de madeira, pintada em azul e vermelho, que abusa do meu olfato com sabores passados - remetendo todo meu ser a infância, aos mimos da minha avó.

Selma era o nome dela, doceira de mão cheia, sempre fazendo bolos para fora, transformava o leite, o açúcar e a farinha em pura magia. Lembro bem das vezes que eu, minha irmã e meu primo invadia a sua cozinha implorando por um pouquinho daquelas delícias. Não conseguia compreender como ingredientes tão distintos mesclavam-se em tal harmonia que o paladar gritava: Divino!

Além dos doces, minha avó fazia maravilhas para o almoço. Meu preferido? Macarronada e bife à milanesa. Até hoje não encontrei um restaurante - por mais requintado  que fosse - capaz de superar o mencionado cardápio. Este sabor de casa, cheirinho de interior, não era nada comparado aos zelos despendidos no preparo. Dos segredos passados de geração a geração, o amor - clichê, eu sei - era o maior deles.

E foi assim, com este carinho todo, que minha avó presenteou a boca faminta até o dia em que partiu. Sei bem que não mais provarei do paraíso gustativo da culinária dela. Contudo, cada vez que me aproximo daquela casa de aberturas vermelhas retorno no tempo; E, por alguns segundos, é como se do seu afeto eu experimentasse novamente.



________
*Fotografia tirada por mim*
Karla Hack dos Santos
Enviado por Karla Hack dos Santos em 01/07/2009
Código do texto: T1677135
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.