Do Oiapoque ao Chuí

Quando cheguei a São Luiz a capital estava diferente, a orla marítima agrupava muita gente. Então eu fui ver o que acontecia, de um lado o folclore rodava solto, um Bumba meu boi que fora premiado fazia suas evoluções. Um boi muito bem confeccionado, todo bem trabalhado num material que parecia ouro.

Bonitas morenas num vestuário típico muito colorido, num traje a rigor indígena com muitos penachos. Cantavam uma melodia curta bem decorada, se sentiam no céu de tão envolvidas e emocionadas em preservar suas raízes, estavam preocupadas. Já o comandante ricamente vestido de apito no pescoço, puxando seu boi todo concentrado, sabia o que estava fazendo um verdadeiro “poeta”, somente por isso aquele boi foi premiado e aquele conjunto formou uma obra de “arte”, que tenho certeza que em qualquer canto do Brasil que eles chegarem serão consagrados!

Levantei o meu olhar, alcancei um novo horizonte. Todos os transeuntes usavam roupas coloridas, sendo estampadas de amarelo, vermelho e branco. Aquele estampado reluzente coloriu minhas vistas! Ali bem ao lado rodava um “regue” autentico e pesado, uma radiola potente e gigante segurava um som jamaicano legítimo. Pensei até que estivesse na Jamaica. Ah como dançam bem, todos envolvidos muito concentrados, notei que criou “raiz” ali que chegou pra ficar,no palco aquele conjunto com autoridade davam as notas certinhas, nasceram ali e ali vão ficar!

Voltei minha atenção para o turismo histórico, aquele casario emendado aquelas portas e janelas enormes a frente das casas todas azulejadas, pensei que estava na Europa do século XV. Aquelas escadarias me deixaram cansado. O nome daquele conjunto acho que não esqueci “Tribo de Já”. Aquelas roupas estampadas em três cores, aqueles cabelos “rasta fare”! É difícil não envolver, é muito difícil esquecê-los. Um povo feliz e sorridente.

Desci até Porto Alegre, cultura enraizada até os dentes palavreado definido, barbaridade tchê, tri legal, marimissanga e tiro dado bugio deitado! Baaá! De um gancho o difícil é você ver os seus dentes, levam a vida a sério demais! Pensei que estivesse na Alemanha. Todo gaucho que se prese usa roupa “beje”, um uniforme “estadual”. Aquela calça de grandes frisos, bem larga presa por uma enorme correia e grande fivela, camisa manga comprida e chapéu, tudo “beje”, um lenço no pescoço azul ou vermelho, agora não me lembro se as botas também são “beje”!

As mulheres vestidas de um azul claro suave, ou vestidas também de “beje”! São sérias demais. Dançam seriamente, folclore sério demais. Os poetas sérios demais. Aquela dança daquele bambu estendido no chão em cima daquelas tábuas. Ah! Meu amigo somente um ginasta disciplinado para executá-la e é somente por isto que não atravessa fronteiras. Mas o churrasco, barbaridade tchê atravessou todas as fronteiras tri legal! Injustamente um dos melhores pratos típicos brasileiros o gauchão, arroz carreteiro ainda não está sendo divulgado, uma pena. Tiro dado, bugio deitado! Baaá! É muito bom viajar por este brasilsão afora! Em todo lugar que chego causa-me lágrimas no ultimo olhar na hora de ir embora.

Para realmente ser feliz é preciso dançar a vida inteira em “São Luiz” aquele grupo de senhoras da melhor idade derrubou o machismo radicalmente e baniram a tristeza para longe dali! Aquele tambor de crioulo original ali no mercado central dirigido pela senhora (jovem) Terezinha Jansen, nos dá um baile de sabedoria “viver é dançar”! Dançar é preservar as raízes de um povo realmente feliz! Baniram definitivamente de suas vidas o tal do “stress”.

Ao chegar no Chuí cuidado com o chicote gaucho, eles conseguem cortar um cigarro preso em seus lábios. Nem o circo alcançou tal perfeição. Os gaúchos levam tudo a sério demais. E se vestem seriamente.