O VÍRUS SEM CRACHÁ
 
Afixado no mural de avisos, no hall de entrada do prédio público: “Campanha de vacinação anti-gripal”, diz a manchete do cartaz. Abaixo, em letras menores, o complemento discrimina os beneficiários: Servidores do quadro permanente, cônjuges e filhos maiores de 12 anos, agendar data na Diretoria de Bem Estar do Servidor.
Telefonei para a “DIBEM” e dialoguei com a atendente:
- Bom dia, sou servidor do órgão, modalidade contrato temporário da União, posso marcar data para a vacinação?
- Desculpe-me, senhor, a ordem é vacinar só o pessoal do quadro permanente.
- Desculpe-me, senhora, mas a vacinação não é uma ação preventiva contra a gripe?
- Sim!
- Bem, neste caso, não seria preventivo eliminar focos potencialmente susceptíveis?
- Sim!... é... não! Não sei, o que o senhor disse mesmo?
- Disse que o vírus não bate ponto, não usa crachá, não seleciona vítimas por contrato de trabalho e nem é filiado ao sindicato A ou B. Que o direito a saúde estaria garantido na Constituição Federal e que seria mais inteligente manter sadias todas as pessoas que igualmente servem a instituição.
- Sim, talvez... concordo com o senhor, que não me ouçam dizendo isto. Bem, enfim, seguimos apenas ordens superiores.
- Seguir ordens, sim, superiores, não sei não. DIBEM estou DE MAL, obrigado.
Não consegui entender a lógica dos “seres superiores”, somos igualmente humanos e cidadãos, qual o sentido da separação? O dinheiro é público. O servidor saudável aumenta sua produtividade no trabalho, cujos frutos, produzidos por todos os empregados da empresa servirão ao mesmo patrão, e em última análise a sociedade.
Lavaram-se as mãos... como, aliás, recomenda o Ministério da Saúde. Parece ser uma doença!...

 


                                                                                       01/07/2009