Kaçador kaçado

O oleiro tendo o barro preparado em sua cabeça aparece o vaso sonhado às vezes melhor do que o esperado, mas na hora de vender o coração partido se sente desesperado, uma criação e o criador.

Ele se lembra da confecção passo a passo, o momento da criação e o trabalho realizado o ápice do prazer partindo para outro Estado ou país! Será! Meu Deus! Que será bem cuidado? Será um colecionador? Um atravessador? Não tenho um arquivo ou uma fotografia. Só em meu coração está registrado. Isto se passou a mais de cinco mil anos e aquele vaso continua intacto e bem guardado num museu!

O que nasce do coração é feito com amor, se torna universal! Uma linguagem transferida através da arte! Aquele artista continua no anonimato, mas o que ele disse a milênios isto nós compreendemos. Aquela senhora viu e gostou, procurou pelo preço e pagou, não dando chance de recuar pra pensar, mas o pão de cada dia tinha que ser defendido.

Ele foi convidado para pintar um afresco numa parede muito importante, ficou uma maravilhosa “obra de arte” pois os donos do “palácio” foram retratados, mas o quadro não pôde ser assinado! Aquele “jarro” todo majestoso não sabemos por quantos milênios permanecera ali. Gostaríamos de saber qual o perfil, que aparências tinham os artistas daquela época. A arte é a voz do coração e é somente por este detalhe que é uma linguagem universal. A arte sem grandes explicações atravessou todas as gerações.

Ainda viajo com o artista das cavernas! O oleiro das palavras vão lapidando as letras de A a Z, as frases vão se formando. Cada “livro” que nasce é um bom filho, mas terá que bater azas, os colecionadores destas “obras de artes” os guardam zelosamente, as vezes na mente, as vezes no coração. Ao relatar um fato será um desacato ou uma benção.

O escritor nasceu antes das palavras, nasceu junto a história e já registrou seu nome. O vaso está lá e diz tudo por si próprio, ele é um livro aberto. O autor está realizado pois a primeira colecionadora que viu comprou. Mensagem cumprida ápice do prazer humano. Já o livro bem guardado em uma instante o colecionador está realizado. Adquiriu um tesouro e aguarda o próximo.

Mas para o escritor sua realização está em seus livros sendo abertos e seguir levando felicidades e realizações aos leitores. O escritor só recebe “azas” se seu trabalho atingir os corações humanos. As palavras são “azas” entram nas casas, são bicos das águias ou o mel das abelhas.