Calcinha de tricô

Qual o homem que nunca foi a um puteiro, zona, “casa das primas” ou numa linguagem mais culta, casa de prostituição? Pois foi em um desses lugares que três colegas resolveram emendar a comemoração do campeonato conquistado pelo clube de coração. Já chegaram um pouco alterados, cumprimentaram o segurança e adentraram no local, se acomodaram numa mesa próxima ao palco de dança, deixaram as latinhas sobre a mesa e começaram a observar o ambiente.

Três garotas se aproximaram perguntando se queriam companhia, aceitaram o pedido e pediram mais três drinks, as “moças” muito bonitas encantaram os três rapazes, só que nenhum deles tinha grana para o programa, estavam ali para se divertir e não para transarem, pagaram mais duas rodadas de bebidas para elas, deram uns amassos, umas passadas de mão, uns cheiros no cangote, umas mordidinhas e não passaram disso.

Percebendo que não conseguiriam o seu “ganho”, as “moças” se despediram e foram encontrar outros clientes que quisessem ter alguns minutos de prazer, eles nem se importaram, agora admiravam as outras colegas de profissão das “meninas”, cada garota de encher os olhos, morenas, loiras, negras, mestiças, pequenas, grandes, a cada apresentação assobios e muitas palmas.

Passando das duas da madruga, depois de algumas latinhas e muito strip-teases, estavam cansados de ver tantas bundas, tantos peitos, tantas buc.., e quando começaram a se levantar para irem embora, entrou na pista uma ruivinha de cair os queixos, que mulher, perfeita da cabeça aos pés, curiosos e empolgados decidiram ficar para exaltarem aquela beleza.

A cada peça que ela retirava, assobios e palmas ecoavam pelo ambiente, entusiasmada e no ritmo da dança ela arremessava as suas roupas para todas as direções, e foi num desses lançamentos que por acaso caiu sobre a mesa dos três amigos, uma das peças, e uma bem íntima, a “calcinha de tricô”, cada um olhou para o outro esperando a reação, bem “descontraídos” pegaram a “calcinha de tricô” da bela ruivinha e deram aquela cheirada tentando sentir o cheiro mais íntimo da “moça”.

Ao fim do show, a garota iniciou a busca pelas suas peças e a cada mesa que passava recolhendo alguma parte, recebia junto alguns reais, conseguiu encontrar quase tudo, a blusinha, a saia, o sutiã, as meias-calças, as luvas, mas nada da sua calcinha , tiveram a cara-de-pau de dizerem que não viu nada a não ser a sua beleza sobre o palco, e assim a bela ruivinha foi embora sem uma das peças.

No meio do caminho para o bairro onde moravam, brincavam com a peça surrupiada da “menina” da boate, ainda descontraídos jogavam de mão em mão e de vez em quando a cheiravam lentamente, fora outras brincadeiras, chegando perto da onde moravam, ainda estavam com o objeto nas mãos e precisavam se livrar dele, o mais óbvio era simplesmente descartá-la na rua ou jogar numa lixeira, porém ninguém teve a coragem de fazer isso com aquela lembrança.

No “dois ou um” decidiriam com quem ficaria a ruivinha, quer dizer, a lembrança dela e o “felizardo” iria se virar para guardá-la, sobrou para o mais novo, justamente aquele que tinha a namorada mais enciumada, os outros dois se despediram dele e rumaram para as suas respectivas casas. “E agora”? Pensou ele, não poderia jogar fora, afinal tinha se comprometido com os seus colegas, imaginou inúmeras desculpas para dizer a sua namorada, contudo sabia que nenhuma delas colaria com ela.

Ficou mais de quinze minutos parado em frente a sua casa sem saber o que fazer com aquilo, e como uma luz, teve a brilhante ideia de pendurá-la no seu próprio portão, pela manhã acordaria e fingiria ir até a rua para fazer algo e voltaria com a peça rindo da situação.

Dito e feito, foi o que ele fez, a pendurou no seu portão e entrou, ela já estava dormindo, jogou uma água no corpo e deitou ao lado dela, nem dormiu, logo pela manhã levantou-se e saiu para ir buscá-la, quando abriu a porta da sala, cadê a “bendita” calcinha, tinha sumido, desesperou-se na hora, ficou branco, o que ele iria dizer aos seus colegas, o que ele dissesse, não acreditariam, entrou desolado.

Agora a desculpa seria para os seus amigos, passou o dia pensando, sua namorada até estranhou a sua angústia, quem teria sido o filho de uma p... que resolveu pegar aquela calcinha, a noite saiu para encontrar com os seus dois cúmplices, sem esperarem ele chegar direito perguntaram “dela”, não sabia o que dizer, gaguejou, gaguejou e não disse nada, foi então que um deles retirou de um dos bolsos da calça a miserável peça.

Nervoso mandou todos os dois tomar no c..., que brincadeira besta, mal sabiam a angústia que ele passou o dia todo, e explicaram que quando se despediram, se esconderam na esquina e depois o seguiram, quando o viram pendurando a calcinha no seu próprio portão resolveram pega-la com o medo de alguém sumir com “ela”, devolveram para ele e sem saber o que fazer chegou em casa com ela embrulhada.

Sua namorada curiosa perguntou o que era aquilo e ele com um sorriso no rosto respondeu:

- “Um presente para você”

Rapidamente ela tirou do embrulho e se espantou. Para a sua surpresa era uma bela calcinha, uma bela “CALCINHA DE TRICÔ”.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 10/07/2009
Reeditado em 11/07/2009
Código do texto: T1691636
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