ENTRE A CRUZ E A ESPADA

Nos últimos 12 anos, de uma forma magistral, os veículos de comunicação, de olho nas verbas publicitárias provindas do Poder Público e nos gordos empréstimos para o incremento de suas atividades, vêem encobrindo a realidade dos fatos com estratégias só conhecidas por quem atua, ou tem conhecimento na área das comunicações.

Semana passada, em um “grande” telejornal, saiu uma matéria “rala” acusando o presidente norte-americano de ter sido responsável pelo vazamento de informações sobre a invasão do Iraque, e o mesmo se negou a dar qualquer depoimento sobre o ato, aliás, por lá, o presidente é o único que tem esse direito, garantido por lei através do ex-presidente e pai do atual líder mundial; a coisa não para por aí, logo que anunciado (em seguida), o telejornal estampou foto dos prédios que sofreram os “atentados terroristas” em N.Y., dando mostra, de forma implícita, de que o vazamento de informações realizados pelo líder teve uma “razão justa”, neutralizando o ato anti-democrático de Bush. Fico a imaginar o quanto essa empresa de comunicação deve ter ganhado para fazer esse malabarismo noticioso.

Entre outras mentiras, andam apregoando aos quatro cantos do “gigante adormecido” que não há inflação, o que é um grande engodo. A inflação medida pelos institutos de pesquisas e divulgada pelos grandes meios de comunicação é uma grande farsa, pois não medem a realidade que ocorre em nossa economia. O setor de serviços há alguns anos, vem sendo o combustível da economia brasileira; esse sim, não vem tendo aumentos, e com algumas exceções, como é o caso dos serviços que outrora eram públicos e passaram para as mãos da iniciativa privada, como água, luz, etc., nos demais serviços, de oficinas mecânicas a atendimentos médicos, seus preços estão congelados a um bom tempo. As chamadas tarifas públicas e os combustíveis, cujo monopólio está nas mãos do próprio Governo, não param de aumentar (principalmente em vésperas de eleições).

No setor industrial, foi criada uma “mágica” para mascarar os aumentos nos preços, por exemplo: um rolo de papel higiênico que media 40 metros agora mede somente 30 metros, pacotes de biscoitos que pesavam 500 gramas hoje pesam 400 gramas. Se citarmos todos os produtos que optaram por essas alterações de pesos e medidas, não caberia nas 12 páginas do Chico em letras miudíssimas. A grande questão é que o preço dos referidos produtos, não diminuíram, mas colaboraram para aumentar o consumo; você tem idéia dos lucros que são proporcionados por causa de dez metros a menos em um rolo de papel higiênico, ou 100 gramas a menos em um pacote de biscoitos? Pois é, além da economia da matéria prima, economiza-se nos custos de embalagens, transporte dos produtos além de dar um maior giro da mercadoria, forçando os consumidores a comprarem o dobro do que normalmente compravam.

Na “terra de Pinóquio”, a coisa vai mais além. Agora, pelo que tudo é indicado pelos meios de comunicação, só temos uma opção nas próximas eleições: deixar tudo como está. Isso porque votar em um dos dois que lideram as famosas prévias de intenção de voto vai desembocar na mesma situação, ou seja, o rico cada vez mais rico, a classe média cada vez mais pobre, e o pobre cada vez mais dependente das nocivas e viciantes políticas sociais assistencialistas.

Pra variar, daqui alguns dias vai começar a Copa do Mundo; pronto, o pão (atualmente representados por cartões plásticos magnéticos) já foi distribuído, e só faltava armar “o circo”. Tudo isso me faz lembrar uma estratégia política muito antiga, de um tal imperador romano chamado Vespasiano, que a cerca do ano de 80 d.C. salvou seu decadente prestígio político com a construção do famoso Coliseu para a realização de 100 dias de jogos. A história se repete só que, nos dias atuais, com uma pequena diferença: “para economizar”, o protagonista do espetáculo, é o próprio espectador, afinal de contas gastar com mestres de feras e gladiadores é desperdício. Com isso, a nação brasileira fica entre a cruz e a espada e sem ter “espelho em casa”, não percebe que foi colocado em sua face um redondo e lustroso nariz vermelho.

*Publicado pelo autor no Jornal Chico em 12.04.2006. Para acessar mais textos do autor acesse: http://www.webartigos.com/