A solidão é opção ou Carma?

Com relação a questão de a solidão ser opção ou carma, penso que não é nenhuma das duas.

Primeiro, porquê, entendo carma, - do sânscrito karma -, como sendo uma conseqüência, presente de nossos atos passados e futura de nossos atos presentes e, como sempre temos a opção de nos modificar no presente.

A Lei do karma, em sua origem Budista, em um nível mais fundamental, nos ensina que certos tipos de ação nos leva inevitavelmente à resultados similares. Se fazemos algo beneficente, cedo ou tarde obteremos um resultado beneficente, e se fazemos algo danoso nós inevitavelmente obteremos um resultado danoso.

No ensinamento Budista, a lei do karma, diz somente isto: “para todo evento que ocorre, seguirá um outro evento cuja existência foi causada pelo primeiro”, e este segundo evento poderá ser agradável ou desagradável se a sua causa foi benfazeja ou não.

Karma significa “ação’. Literalmente, alguma coisa que inicia um movimento em algum tempo no passado, tem um efeito em algum outro tempo. Portanto, Karma pode surgir de nossa vida atual tanto quanto de uma outra passada, portanto,

- o carma inflexível adotado pela cultura ocidental, surgiu, inspirado religiosamente no conceito acima,mais amplo do karma da oriental, no ocidente ocorreu um sincretismo religioso em cima da lei do karma,

- não posso crer no determinismo das crenças cristãs tradicionais e das pentecostais, sem esquecermos as neo, as afro, etc..

Tudo está subordinado as leis de causa e efeito, pelas leis da física – da natureza -, e não devido a Lei do karma, desde a intimidade dos átomos, alias, átomos, dos quais somos formados das nossas emanações atômicas mais grosseiras, até aas emanações energéticas de nossos pensamentos. E ainda, pela lógica científica que não pode haver efeito sem causa; portanto se alguém é ou vive solitariamente, a solidão sendo efeito, a causa tem que estar no solitário!

Segundo, que a solidão não é opção, mas uma conseqüência, efeito, das opções que fazemos, oriundas de nosso livre arbítrio, ao decidirmos nossas ações e atitudes na vida de relação; de cativarmos ou não as pessoas que convivem conosco; transformando esta convivência em algo agradável ou desagradável, tanto pra nós quanto para o outro,

- o que ocorre é que procuramos, no mais das vezes, outros para nossa convivência, que nada tem de afinidade conosco, e ai pra não ser solitários, temos de duas uma: que representar papéis na sociedade de relação, tal quais atores em um teatro ou, sermos verdadeiros, diminuindo ai nosso circulo de seres a quem cativamos ou nos deixamos cativar - verdadeiros amigos, colegas, companheiros, familiares, etc..

Ai pergunto eu: o que é a solidão?

Para mim é não ter nem um único, dos poucos amigos, muitos, familiares, muito mais colegas e companheiros, etc.., estes que verdadeiramente eu cativei e ou que me cativaram, que os tenho, porquê gostam de minha convivência tanto quanto eu gosto da deles e nos comprometemos em relacionamentos recíprocos, que nem sempre são somente de alegrias e prazer,

– não querem nada de mim e eu deles, a não ser a convivência, pura e simples – os amigos -, meu bem estar, sucesso, presença, além da convivência - os familiares -, a convivência, na maior parte do tempo meu bem estar e sucesso, movidos por interesses diversos -, os colegas, companheiros e demais..

- cujo querer bem, na escala do desinteresse pessoal e material, desce do pico dos amigos, passando pelos familiares, até o dos colegas e companheiros, sendo que amigos verdadeiros, conto nos dedos de uma única das mãos, familiares verdadeiros, também nos dedos de uma mão, colegas e companheiros as dezenas...

Tenho ainda mais, outras dezenas de pessoas que gostam de mim, do que escrevo, da forma como penso, como ajo, etc... então não sou solitário..

Existem muitos solitários, cercados de pessoas,

- alguns o são porquê querem que as pessoas sejam como eles desejam que elas fossem e não como as pessoas realmente o são,

- outros existem, que o são, simplesmente porque não fazem o menor esforço para cativar e serem cativados pelos outros,

- há os que não são verdadeiros e não sendo verdadeiros, pela lei de causa e efeito, não desenvolvem relacionamentos verdadeiros de amizade, familiaridade, coleguismo e companheirismo,

- outros existem ainda, e são os piores solitários: os que não cativam nem são cativados, porquê simplesmente não são nem se esforçam em serem, nem um pouco mais positivos, otimistas, alegres, um pouco mais somente, pois não precisa ser perfeito para os outros gostarem de nos e de estar conosco..

- há ia me esquecendo, dos que se sentem solitários, mesmo vivendo cercados da multidão – Michael Jackson, por exemplo...

Enfim solidão é um efeito de nossas ações e atitudes, perante a convivência diária com o outro, pois com um único relacionamento verdadeiro e mais ou menos desinteressado, não há sentimento de solidão que se justifique.