Era uma vez o Senado

Ultimamente tenho ouvido péssimos comentários acerca do Senado brasileiro, sua história atual, dentro de um recheio nauseoso de escândalos. Quem diria! É deveras faltoso à sociedade achar o legítimo exercício legislativo nessa casa diante de tudo o que se viu e se vê, nos fatos mostrados pela mídia, envolvendo-o. Algo estarrecedor mesmo. A vergonha parece andar distante de um grosso punhado de homens fracos e inabilitados para o exercício legal de suas funções legislativas.

O que acho engraçado é que a coisa tem andado tão solta que apenas quando a mídia que não se distrai, graças a Deus, denuncia à sociedade, é por ela conhecida. O que fica no ar é a pergunta: O Senado rotineiramente não se autofiscaliza?

O Presidente Sarney, apoiado pelo Presidente Lula, lutou muito para retornar àquela casa. Que interesses o motivaram? Expor-se socialmente? Aborrecer-se com a descoberta dos escândalos da casa? O que, afinal, deu-lhe forças para brigar por esse cargo? Prazer certamente não o fora!

O agraciado Agaciel Maia, ex-diretor do Senado, tinha o poder de elevar ao seu bel prazer seus salários. Era um Aiatolá governando em mansa maré. Ninguém via isso? E por acaso no Senado há pessoas invisíveis que podem tudo? O Senado precisa explicar muito bem ao povo brasileiro o seu real valor institucional e poupar o tesouro do país, desnomeando esses apadrianhados políticos que, insaciavelmente, devoram parte do erário e, o que é pior ainda, sem dar sequer um dia de serviço à instituição.

Famílias tradicionais de políticos brasileiros têm se perpetuado como verdadeiros parasitas do erário. O avô emprega filho, neto, bisneto etc. O sobrenome é o melhor motivo para o ato concretizar-se. Apesar do concurso público, nessa instituição recheia-se o quadro de pessoal com os famigerados cargos comissionados que só precisam da voz política para se concretizar. É bom dar-se um basta nessa safadeza. Sobrenome famoso não pode nem deve ser o argumento para se ser um empregado. São necessárias finalidade do empregado e necessidade do empregador.

Sarney deve explicações à sociedade pelo que fez ao longo de sua vida pública, sim. Seus parentes estão no recheio dessas contratações fraudulentas, e alguns deles foram nomeados por ele próprio. Descobriu-se o que está gerado no baço impróprio dos camarins senatoriais. Uma nova vergonha veio à tona e deve ser corrigida rapidamente.

Esses indigestos senadores da República estão brincando de legislar e, talvez, pensando que o povo brasileiro é tonto. Qualquer hora dessas a sociedade se organiza e marcha para Brasília a fim de resolver essa safadeza toda e aí o clima ferverá.

Continuo achando que o grande culpado por tudo isso é o povo que elege esses seres inelegíveis. Houve um tempo feudal no Senado brasileiro, quando raras famílias famosas tudo podiam. Hoje o buraco é mais embaixo e o fôlego social bem mais curto. Os instantes provacionais do povo são menos tentatórios do que no passado. Não devemos nos adaptar mais ao “bateu levou”, nem tampouco ao o “deixa estar para ver como fica”. Um Senado novo é absolutamente requerido por toda a sociedade justa.