ÓBVIO ULULANTE


     Quando uma desgraça entre tantas diárias e disponíveis sai de controle, ocasionando vítimas a esmo, uma obviedade há de ser resguardada. Qual será a (in)verdade a acompanhar a gripe que vem do México em direção ao resto do mundo?
A tal gripe foi percebida em dezembro último, em março, já havia se alastrado por todo o país, ultrapassando suas fronteiras e colocando o mundo inteiro em apreensão. Por não possuir condições laboratoriais em seu território, o que facilitou o surto, amostras foram enviadas ao Canadá, onde foi constatado o novo vírus advindo dos suínos. O governo mexicano questionado não soube precisar o motivo da aparição da doença em suas terras, mas os pobres mexicanos que vivem pertos das fazendas de criação de suínos não têm dúvidas: miséria e ambiente pútrido são as razões do infortúnio.

     As grandes fazendas de suinocultura instaladas no México, (a produção é toda voltada ao mercado dos EUA), chegam a produzir 1 milhão de porcos ao ano, cada uma, são em sua maioria multinacionais americanas, que foram expulsas dos EUA pelo seu próprio governo, em razão dos danos ambientais causados. Não consigo imaginar a quantidade de dejetos, (fezes e urina), de 1 milhão de porcos, você consegue? Mas é fácil imaginar o que causam ao meio ambiente, poluindo as águas dos rios, os lençóis freáticos, isso sem falar da atmosfera pútrida e das moscas.

     Ao iniciar esta pesquisa e supostamente encontrar a causa do mal, imaginei também rapidamente a solução: um processo ambiental na justiça. O que colocaria ordem novamente à casa, mas para minha surpresa, as empresas americanas instaladas em território mexicano, com o apoio do governo do México e dentro das normativas do NAFTA, (Tratado Americano de Livre Comércio), assinado por EUA, Canadá, México e o associado sul-americano Chile, não estão sujeitas às leis, nem às autoridades do país hospedeiro e sim do país de origem, ou seja, as empresas americanas de suinocultura, instaladas no México podem fazer, (literalmente), a merda que quiserem por lá que não sofrerão revés.

     Quanto ao resto: os ricos continuarão sendo isolados dos menos ricos, que por sua vez, serão separados dos pobres, que por sua vez, continuarão morrendo... É o óbvio ululante.

 
JLeal
Enviado por JLeal em 14/07/2009
Reeditado em 29/12/2011
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