A ALMA TRANSGRESSORA.

Comprar livros é uma compulsão assumida. Enquanto alternava minha atenção entre dois recentemente adquiridos e ampliava meu espaço à cabeceira para acomodar mais daqueles que preciso tê-los ao alcance das mãos, entro na livraria e dou de cara com A Alma Imoral do rabino Nilton Bonder.

Minhas mãos tocaram o exemplar e fui seduzida pelo texto que fala sobre um olhar  que "enxerga quando a obediência significa desrespeito e a desobediência representa respeito".

Tentando dar um pouco de ordem à minha leitura me esforço para terminar o livro da moça que comeu, rezou e amou. Não quero ser injusta, nem tenho estofo para julgar a literatura de ninguém, mas nem mesmo Roma me pareceu muito atraente nas palavras da autora. Bali também não. Menos ainda a Índia.

Claro que me identifiquei com algumas passagens de Comer, Rezar e Amar, mas fiquei muito cansada com aquelas meditações de madrugada, com a disciplina de um ashram e me chateei mesmo com o estereótipo do brasileiro que encontrei ali.

_ Se ela nos define assim, como posso acreditar no que ela fala sobre os romanos, indianos e balineses?

Foi com alívio que terminei e me entreguei à Alma Imoral. Parece contraditório encontrar refrigério no texto de um rabino depois de ler alguém que pratica Ioga, medita e sai pelo mundo em aventura. 

Pode ser, mas li com prazer sobre a importância de transgressão para a evolução da alma. Identifiquei-me com a necessidade premente que sentimos de transgredir quando o espaço onde nos encontramos torna-se estreito.

Vibrei com as definições sobre o traidor e  o traido, principalmente sobre a troca de papéis. Foi duro aceitar que a dor do traído é a dor do apego, mas também me reconheci aí.
 
Foi maravilhoso descobrir que quando paramos de lutar no espaço estreito e marchamos com a alma aberta rumo ao mar este se abre, como se abriu para o povo de Israel.

A certa altura Bonder diz que "quando formas de hipocrisias vão ganhando espaço e a conduta é marcada por dissimulações, paramos de sentir satisfação" e eu aplaudi essa verdade tão óbvia e tão ignorada.

Não se trata de um texto irresponsável e quem conhece o autor sabe do que falo. Nilton Bonder não manda ninguém trair, mas aponta quando é necessário, dizendo que " há um olhar que desnuda, que não hesita em afirmar que existem fidelidades perversas e traições de grande lealdade".

Meu encontro com A Alma Imoral é um daqueles de rara preciosidade. O livro é fácil , mas não é simples. Os conceitos sobre o corpo e a alma. o correto e o bom, a satisfação e a honestidade precisam ser aprofundados em outras leituras. 

Claro  que ainda sou limitada para compreender todo conteúdo do livro, porém saber que Deus abençoa almas transgressoras desde Adão e Eva me fez muitissimo bem.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 16/07/2009
Reeditado em 27/07/2009
Código do texto: T1702659
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