A ÚLTIMA SINFONIA.

     Ter a devida noção a que se propõe determinada sinfonia ajuda-nos a entender seus propósitos e o propósito de uma das mais populares sinfonias que se tem notícia, está evidenciado em um poema que acaba de completar 223 anos de idade, seu autor é Friederich Von Schiller, que o fez a pedido de um amigo Maçom. Trinta e dois anos mais tarde, este mesmo poema foi recitado por outro homem de mesmo ideário de Schiller, de maneira que nunca mais seria esquecido. Tal qual descrito em seus versos, rejubilavam, pois, uma sociedade justa e de direitos igualitários estava sendo alcançada. E finalmente a razão sobrepor-se-ia ao obscurantismo que até então subjugava os homens.

     As luzes lançadas resplendeceram na revolução francesa de 1789, na independência das colônias inglesas na América do Norte em 1783, e na Inconfidência Mineira no mesmo ano de 1789. Há registros que dizem ter havido três tristes badaladas de sino vindos da Igreja matriz em Ouro Preto, simultâneos ao acontecimento no Rio de Janeiro, datado de 21 de abril de 1792, apesar de proibidas as manifestações. As imposições religiosas, as práticas mercantilistas, o absolutismo da monarquia e os privilégios da nobreza e do clero, não seriam mais aceitos. Uma tríade surgiu, Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Naquele longínquo 7 de maio de 1824, uma inovação ocorreu. Pela primeira vez na história, uma sinfonia, seria acrescida de um coro, e a voz humana cantaria um poema. A apologia à alegria, à libertação dos homens. Musicado o poema revelou-se notável, ultrapassou as cercanias, espalhou-se pelos quatro cantos do planeta, tornando-se uma das mais populares músicas do mundo contemporâneo, sendo escolhida em 1985, para ser o hino da União Européia.

     Porém, o idealizador desta obra, não ouviu os versos do poema de Schiller serem recitados em meio à sua música. Não ouviu a multidão ovacionando-o, não comandou seus soldados músicos, não pode reger sua orquestra, sua cruel surdez o impedira, entretanto, sua obra preponderou. Esta é a história da famosa 9ª e última sinfonia de Ludwig Van Beethoven, que vislumbrou no poema, Ode à Alegria, o novo mundo que se iniciara:

“Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!”



 
JLeal
Enviado por JLeal em 17/07/2009
Reeditado em 28/11/2013
Código do texto: T1703730
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