A Homilia mais Linda!

A Homilia mais Linda!

Dona Francina, uma pequena e grande senhora, era uma mãe dedicada. Enérgica na educação de seus filhos, criou-os no berço de ouro da moral, dos bons costumes, do trabalho e da cidadania. Se mais Francinas existissem, garanto que nosso Brasil estaria em caminhos mais seguros. Morou em Pitangui por muitos anos. Lá ainda está a casa, onde os filhos, de vez em quando, reúnem-se e matam a saudade daqueles bons tempos.

Muito religiosa, Dona Francina levantava bem cedo, aos domingos, ia à missa na Matriz de Nossa Senhora do Pilar e, ao chegar a casa, tirava a meninada da cama para que eles também fossem cumprir o sagrado preceito dominical. Mesmo com aquela gostosa preguiça de ficar mais tempo dormindo, todos se levantavam e, de banho tomado, ouviam, antes de sair, a costumeira recomendação da zelosa mãe:

— Prestem atenção na missa! Escutem bem o que fala o padre. Quando voltarem, quero que me contem tudo!

E, quando chegavam, ela cumpria o que prometera:

— Qual o Evangelho de hoje? O que explicou o padre no sermão?

Num domingo, o pequeno Antônio Augusto estava radiante. Ele teria roupa nova para “ver Deus”. Dona Francina, exímia costureira, havia-lhe presenteado com uma calça azul e uma blusa branca. Sapatos novos foram necessários, pois os já surrados tênis iriam destoar daquela roupa novinha em folha. Preguiça ele não teve. Logo se aprontou, quando o sino da matriz tocou. Com suas pernas gordinhas, a ladeira ele subiu todo cheio de si, exibindo sua vestimenta. Assistiu à missa, só Deus sabe como! Mais olhava para a roupa que rezava, mas Deus entende dessas coisas e não deve ter se zangado com aquele menino tão garboso de apenas sete anos.

Mas, ao voltar a casa, é que ele sentiu o peso da glória. Mal chegou, foi interpelado pela mãe:

— E aí, Antônio Augusto, assistiu à missa direitinho?

— Sim, mamãe!

— E o padre, o que disse?

Ele disse:

— Esse menino de calça azul e de blusa branca, está muito bonito!

A surra que levou, mesmo de roupa nova, ele nunca esqueceu.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 06/06/2006
Reeditado em 27/07/2012
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