Relacionamentos
Quando nos apaixonamos inevitavelmente o fazemos pela pessoa que imaginamos.
Quase nunca pela pessoa real.
Somos feitos um para o outro, essa é a pessoa que tanto busquei...
Pois é...
Ninguém foi feito para outro e a pessoa que buscamos está dentro de nós.
Tudo é projeção.
Criamos uma aura em torno do outro e o mesmo acontece pela outra parte.
Tudo parece lindo e a realidade é evitada.
Não ousamos perturbar a imaginação do outro.
Quando o relacionamento significa repartir espaço e morar junto, torna-se difícil a manutenção da projeção.
Começamos a destruir toda a imaginação criada, a convivência torna-se prisão e a busca de identidade transforma-se em meta.
Acontece a separação.
Os conflitos entre os amantes e casais, instalam-se nesse momento: livrar-se das projeções e tornar-se pessoa.
Na verdade por mais que um casal tenha afinidade, pensem que se conhecem, são estranhos.
Somos sozinhos essa é a verdade básica.
Nossos seres estão tão escondidos e tão lá no fundo que é impossível tocar ou ver o ser de alguém.
Não acho isso uma catástrofe.
Ao contrário, se não fôssemos estranhos seríamos máquinas.
Sermos estranhos nos permite singularidade.
Viver feliz com outra pessoa tornou-se o maior desafio do mundo, por que é muito difícil manter a serenidade num relacionamento.
Mas esse é o desafio.
O maior deles.
É preciso lidar com o desconhecido do outro e com o seu também.
Por que o conhecido nos levará ao nosso passado infinitas vezes.
E continuaremos a nos repetir.
Provavelmente nos arranharemos.
Ficaremos estagnados.
Então é preciso decidir, arriscar e não fugir da maturidade.
Se for preciso decidir, não adiar.
Decidir nesse exato instante.