UM BEIJO
“UM” BEIJO
Nestor Tambourindeguy Tangerini
Uma noite, numa sala de estar, encontraram-se o Caveirinha e a menina Ester, esta um “pedacinho” de pequena “boa”, dessas de deixar a um santo de água na boa.
Apresentado à cheirosa e sublime criatura, na simpatia de quem teve a felicidade de cair, o “sabido” e conhecidíssimo “almofadinha” passou a encontrar-se com ela, na Praia de Icaraí, na Ponte Central, nos cinemas, até abarracar-lhe à porta de casa, onde, seguro pelo “estojo” da futura sogra, recebeu convite para entrar.
Lá dentro, a respeitável senhora cortou as saídas à filha e disse ao rapaz que, se quisesse, era assim.
O “almofadinha”, que gostava da pequena, e nem podia deixar de gostar, aceitou a condição imposta por D. Severa, passando, então, a visitar a sua quase noiva três vezes por semana.
O namorado continuou, mas acabou-se a “canja”, pois o diabo da “megera” não era “trouxa” e de vista não perdia o venturoso ou desventurado parzinho.
Para “defender” uma beijoca, essa coisa tão natural quanto gostosa, era um “buraco”...
Senhora rigorosa como poucas, a mãe de Ester fazia jus ao nome que lhe souberam dar quando nasceu.
Certa vez, à hora de se despedirem, tendo-se a moça arriscado a levar o “noivinho” até a porta, D. Severa chamou-a e disse-lhe:
- Já te estavas demorando nas despedidas. E chamei-te porque me parece ter ouvido o som de um beijo. Eu não quero isso!
- De um beijo, mamãe?!
- Sim, de um beijo!
- E a pequena:
- Ah! Então não fomos nós. (*)
Vocabulário:
Buraco: situação difícil [gíria da época]
(*) Com o pseudônimo João da Ponte
[De um recorte / Data e jornal não identificadas]
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