Sair de cena

Hoje recebi um comentário a uma crônica por mim escrita.

Nele a comentarista (dedete) citou uma frase: sair de cena.

Senti-me provocada a escrever.

Tantos são os momentos da vida em que devemos sair de cena!

Naturalmente que os revivi nesse momento.

Saí de cena tantas vezes!

Nos momentos em que percebi que minha filha deveria tomar decisões solitárias.

Minha presença seria desastrosamente protetora.

No trabalho, quando decidir pelos outros provocaria desconforto e centralização do poder.

Também quando me senti prostituída nos meus ideais e projetos pedagógicos.

Quando as utopias não eram compartilhadas.

Na vida familiar quando não pude ser aceita como sou e perderia identidade.

Na vida amorosa quando o amor acabou de uma ou das duas partes.

No afastamento de amigos quando a vida mostrou ser necessário.

Sair de cena é sempre muito doloroso.

Provoca dores para as partes.

Quem fica nem sempre entende a partida.

Quem parte tem que elaborar a morte do que quer que seja.

Saí de cena da vida de pessoas com quem tinha muita intimidade.

De grupos de pessoas cujo trabalho me colocava na liderança dos afazeres.

Não é coisa fácil sair de cena, amiga poetisa (dedete).

Mas é inevitável.

Sairemos de cena sempre.

Alguma vez temporariamente e sem muita dor.

Outra sofrendo muito.

A dor passará, a vida continuará.

O sol voltará a brilhar, a majestosa lua continuará iluminando as noites e provocará poemas nos corações apaixonados.

Até que aconteça a saída de cena definitiva.

Então seremos lembrados pelos nossos amores por algum tempo com algum sofrimento.

Depois apenas na saudade.

É a vida.

É assim.