Um sufoco corrói-me a alma

Um sufoco corrói-me a alma.

Como se não pudesse ver,

há um abismo longínquo que canta um tom de tristeza.

Se pudesse sentir-me, agora, dentro de mim,

Diria que sou uma metáfora,

Pois choro todos os dias.

Há um tanto de significados esparsos que me cercam,

Mas não os vejo nenhuns.

Meu caminho, solitário, é mais que uma representação calada de um ser:

É uma história (pena que não vêem assim).

E como história que é, merece ser contada –

se não pela fala, por palavras.

Belas, as palavras, se construídas com significado, remontam à angústia humana.

E não é só por isso: faz entendê-la em seu âmago, como se viva fosse.

Há alguns dias caminhava.

Tropecei e, como que involuntariamente, xinguei a natureza

por ser tão imbecil e imprevisível;

Se houvesse aprofundado meu olhar, veria uma distante fagulha de esperança calada,

mas não sufocada (assim como eu).

Há algo que se movimenta dentro de mim, como que inesperadamente

e, como se fosse um motivo – ainda que desnecessário –

vejo esse algo como além do próprio significado simples das coisas;

é algo que me leva além.

Apego-me a esse algo (há de existir um mudança, penso)

e vôu além da estrutura mediana das coisas (a mediocridade não mais me impressiona):

Posso ver-me livre.

Não como antes - ou como pensava ser um dia - mas realmente livre.

Absorto no que eu sou e ainda serei, ausente ao espaço mediano do mundo,

Vejo o presente passar, calmo, leve, singelo.

Olho-o com um olhar diferente, mas sincero.

Encaro-o como uma necessidade presente irrefutável -

e posso ver que os esforços disso trouxeram alguns frutos inestimáveis.

Vagando, vou;

Quieto, fico.

Meu silêncio traz mais que uma simples face probabilisticamente insatisfeita;

traz uma luta incessante pelo desejo de que cada dia seja melhor.