SONHOS QUE SE REALIZAM

Ana olhava para trás... assustada e atordoada, percebia aquele frenesi de luzes e flashs que insistentemente cobriam de brilho a noite sem estrelas, aliás a única estrela naquela noite era ela, era Ana.

Nem assim conseguia deixar de olhar para trás, nem com toda a vivacidade das cores que pintavam o céu naquele instante Ana deixava de lembrar. Ali, parada diante daquele palco percebia quão árduo e longo havia sido o caminho que trilhara até aquele dia...

Olhava para trás. Olhando para trás Ana se via. Voltada para dentro de si mesma, se via. Mas mais que a si mesma, via a menina sonhadora que havia sido, via a menina que um dia fora e os sonhos que num dia nublado e sem graça, sonhou, ali, diante dela, fazendo festa no céu, e, vitoriosa, se via...

Sabia que aquela menina ainda estava viva dentro dela, pois era esta lembrança que a fizera chegar aonde chegou. Foi o desejo de realizar os sonhos da menina que a impulsionou e era nela que buscava renovar suas forças sempre que precisava transpor um obstáculo, sempre que as dificuldades se mostravam demasiado grandes e pensava em desistir.

Quando pensava em desistir, quando se achava fraca e sem forças, quando lembrava da infância sofrida, das muitas ausências que teve de suportar, das privações e dos dolorosos momentos em que sentia na pele o quão cruel e difícil a vida podia ser, orgulhava-se dela mesma...

Orgulhava-se porque não quedou, porque persistiu, porque nunca deixou de acreditar no poder, na força e na determinação que estão a fazer sombra para aqueles que realizam, para aqueles que são e vão além dos limites, além das expectativas e apesar das dificuldades.

Ana era então o principio daquilo que queria ser, era um pedaço do inteiro que ainda estava por vir. Foi assim durante toda a sua vida, de pedaço em pedaço, de grão em grão, de batalha em batalha, foi e seria sempre assim, ela sabia...

Sabia e queria... queria realmente que aquela noite fosse apenas o inicio, embora carregada de gostos e sabores novos, embora colorindo o céu com cores que gritavam e faziam sorrir seu coração, ainda assim ela queria mais...

Ana queria o sonho completo, queria outras tantas noites como aquela, queria outras comemorações ela queria... ah como queria...

Ana parou, continuou parada, diante daquele palco, atrás daquela cortina, cercada por todos aqueles que participaram da sua conquista, deixou a menina dormir na lembrança, recorreria a ela tantas quantas vezes fossem necessárias, era sua fonte inesgotável de força, mas não agora, não ali.

Ali era a mulher guerreira e vitoriosa que saboreava a vida, que celebrava a vitória, ali, e quando aquela cortina se abrisse, era ela, Ana, toda, inteira, feliz, viva, feliz e viva que pensava e sentia porque gente é pra brilhar mesmo e sempre, gente é pra pintar o céu com um colorido vivo, gente é pra ser feliz e viver apesar das dores.

Era assim que se via, naquele momento dela, vivendo e sendo sempre e sempre melhor, e ela era, Ana a estrela mais brilhante daquele céu, naquela noite... na noite de Ana, na Ana da noite!

DAnAiEl
Enviado por DAnAiEl em 22/07/2009
Código do texto: T1714223
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