Noturnos

Os sons dos Noturnos ocupam minha mente, me transformam num músico errante, que surpreende a todos com sua arte. Chego e não sei como me apresentar; se perguntam meu nome e o que faço, não sei como me chamo, muito menos do que me ocupo; mas, se me derem um piano, pode ser que consigam entender alguma coisa, que nem eu entendo. Não entendo como os Noturnos escapam pelos meus dedos, ao tocar levemente as teclas do piano. Posso pedir o testemunho do Papa Pio IX, que pode comprovar minha linguagem; linguagem mágica, como se fosse um milagre, que foge à compreensão das pessoas comuns. Sou um músico errante cuja única missão é surpreender pessoas, bichos e crianças, numa hipnose coletiva; o compositor dos Noturnos estava mais próximo de Deus, se permitem assim me expressar, querendo dizer próximo à perfeição. Sigo sem destino de lugar, mas com destino certo de tocar os Noturnos, para quem quiser ouvi-los, mesmo para quem não quiser, criando uma religião muito próxima de Deus.

Abrantes Junior
Enviado por Abrantes Junior em 23/07/2009
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