E viveram felizes para sempre...

Que criança não gosta de ouvir histórias!? E graças aos irmãos Grimm repertório não nos falta. Os mais belos contos infantis são apresentados em versões diversas. Quem nunca ouviu a famosa frase do “Era uma vez” e “Viveram felizes para sempre”?
Era uma vez... Assim começam os contos de fadas, sempre com príncipes e princesas, com algumas crianças abandonadas nas mãos de maldosas madrastas, porém nada que as tornem menos clássicas e elogiadas mundialmente.
Na infância me comovi com a bela história de Maria e João, um harmonioso casal de irmãos. O único problema era uma madrasta egoísta, que ordenou ao seu pai, um homem sem coração, a soltá-los na mata para servir de almoço aos famintos leões.
E a Rapunzel, uma menina linda com belos cabelos encaracolados, quem não invejou aquelas tranças!? História linda, não fosse mais uma vez a tal madrasta para lhe roubar a infância! Sempre me perguntei por que as madrastas daquela época eram tão más e por que havia tantas madrastas, na verdade nem sabia direito o que era madrasta, mas sempre as considerei figuras do mal.
A Branca de Neve até que foi uma menininha de sorte, apesar daquela madrasta invejosa que ordenou que lhe arrancassem o coração, encontrou os sete anões, que além de serem minúsculos e morando sozinhos numa floresta sombria sem os pais, acolheram a menina. Lembro-me também que a Bela Adormecida não tinha madrasta, ufa! Vivia com o pai que era rei, a mãe uma rainha, porém, frustrada. Cheios de querer enganar até mesmo quem os ajudou na concepção da pequena menina, foi em uma dessas que acabaram condenando a filha a dormir por cem anos. Ah! Mas trata-se de um “clássico” magnífico! Ai meu Deus! E a Cinderela?! Quem não sonhou um dia ser a Cinderela, calçar aquele sapatinho de cristal! Até nos esquecemos o que a coitada passou nas mãos de uma madrasta infeliz e de um pai sem iniciativa. Sorte que encontrou um belo príncipe que por ela se apaixonou, por pouco estaria até hoje esfregando chão. Mas tem um clássico que não posso deixar de comentar! É certo que a mãe nem é citada, sabe-se que morava com o pai, que devido aos seus desatinos, tornou-se um homem falido, e com suas irmãs invejosas. Trata-se de uma menina que comoveu a todos quando o pai a deixou nas mãos de uma fera pela qual mais tarde viera se apaixonar, só depois de muito sofrimento descobre que na verdade era um príncipe, sovino, mas era príncipe. Uma linda história!
E a Chapeuzinho Vermelho, quantas vezes brinquei com um pano vermelho na cabeça, fazendo de conta que era a Chapeuzinho! Era a brincadeira preferida dos meninos, todos queriam ser o lobo mau só pra comer a menininha indefesa. Nunca ouvi ninguém falar o que aconteceu com o pai da menina, o que contam é que morava com uma mãe muito irresponsável, sim, irresponsável, pois um adulto que manda uma menininha tão pequena, sozinha, seguir uma trilha na mata, e ainda carregando uma cesta na mão, é no mínimo irresponsável, ainda bem que ela só encontrou o lobo! Poderia ter encontrado um homem, um estranho! E a coitada ainda foi taxada de desobediente só por que deu uma paradinha para conversar com o lobo mau, que até lhe prometeu ser bonzinho!
É muito curioso o fato de todos esses “clássicos” serem inspirados em crianças abandonadas, ora pelo pai, ora pela mãe, ora por todos familiares. Até mesmo os três porquinhos, tão pequenos e já morando sozinhos a mercê dos perigos da floresta, entregues a própria sorte. Contudo são clássicos! Trata-se apenas de inspiração, afinal é tão natural encontrar crianças tristes, abandonadas e maltratadas por madrastas, padrastos ou por pais biológicos. Imaginem quantos garotos não desejaram ser o João do Pé de feijão, encontrar com aquele gigante, viver suas aventuras e sair rico no final! Ninguém se lembra que o coitado não tem pai, mora sozinho com a mãe na mais absoluta pobreza que lhe manda trabalhar para ajudar no sustento da casa. Quanto João existe por aí, não vendendo vaquinha, mas vendendo balas, chicletes, o corpo... , na tentativa de que um dia todos possam realmente dizer: viveram felizes para sempre!






Renilda Viana
Enviado por Renilda Viana em 26/07/2009
Reeditado em 17/04/2010
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