"A sabedoria é filha da experiência"

Leonardo Da Vinci, sobre quem podemos dispensar qualquer apresentação, deixou-nos um extenso legado de conhecimentos, cuja utilidade para o desenvolvimento cultural dos povos não pode ser contestada, como, por exemplo, as suas brilhantes citações filosóficas, que são bem simples, mas de profunda demonstração de sabedoria do mais alto nível, a ponto de nos fornecerem muitos caminhos de reflexão, mesmo porque, além da frase em epígrafe, podemos também citar muitas outras, de sua lavra, como: “Quem pouco pensa, muito erra”. Vamos então pensar, filosofando em cima do tema de hoje, tão rico em lógica e tão recheado de “evidências ocultas”, bastando usarmos nossa capacidade de raciocínio, em conjunto com uma pitada de espírito de busca.

Da Vinci, que foi um sábio muito polêmico, por estar sempre séculos adiante dos seus contemporâneos, usou o seu saber e o seu grande poder de criatividade para inventar uma parafernália de maquinários, cujos conceitos formam a base de muitas realizações tecnológicas de hoje, como, por exemplo: a construção de helicópteros, isso há mais de 500 anos! Ele usou também sua vasta sabedoria artística para pintar quadros com o poder de intrigar a capacidade crítica de especialistas, a ponto de colocar em xeque até os seculares dogmas da Igreja, servindo de inspiração para inúmeros cientistas, pesquisadores, comentaristas e escritores, daí a explosão de vendas do “best seller” O Código Da Vinci, do escritor norte-americano Dan Brown, que trouxe à tona a contestação sobre o celibato de Jesus e a revelação de sua descendência direta, que pode sim estar sendo mantida até hoje sob segredo de “sete chaves”, por razões óbvias!

Então, quando Leonardo disse que a sabedoria é filha da experiência, apenas estava cumprindo um dos seus pensamentos: “A simplicidade é a máxima sofisticação” porque ser simples para dizer muito não é fácil, pois exige uma capacidade muito grande de sintetização do ponto focal do evento, de modo que a sua transparência venha a depender da habilidade do observador, no seu trabalho de absorção do “recado” ali circunscrito, mas que, após desvendado, dá mostras perfeitas de autenticidade – é mesmo uma arte, onde Da Vinci era o rei.

Vamos nos lembrar da frase jocosa: “Na teoria, a prática é outra”, de onde podemos tirar uma conclusão lógica – não existe teoria que não seja baseada em práticas experimentais, mesmo aquela que foi criada através da simples observação conclusiva, como também a que surgiu de um acontecimento casual, porque ambos nascem da experiência do observador, quando ele está usando o raciocínio lógico. O teórico usa de diversos conhecimentos para elaborar seu trabalho de pesquisa, de experimento e de conclusão, o que dá a impressão falsa de que a teoria direciona a sabedoria, transformando-a na origem do ganho de experiência. Quando nos lembramos de que são os tropeços da vida que nos dão as demonstrações de até onde estamos errando e o que devemos praticar para mudarmos o contexto, nem que seja através do aprendizado vindo por alguém mais “experiente”, vamos chegar à conclusão incontestável de que a sabedoria só surge do aprendizado “in loco”, através de práticas conclusivas, com o alcance de resultados, sejam eles negativos ou positivos. É o milagre que faz despertar a fé, por isso muitas vezes ele nos é concedido, para que, através dessa experiência, possamos acordar para a existência de um Ser Maior, que a tudo comanda e que pode nos transformar em seres viventes úteis de verdade, desde que O procuremos com sede e assim passemos a “beber” os Seus ensinamentos, com o objetivo de nunca deixar de colocá-los em prática, ganhando assim as profundezas da sabedoria.

No momento em que nos enfronhamos no mundo do conhecimento, nós partimos para a oportunidade de auferirmos crescimento cultural, porém a sabedoria só virá no momento em que ganharmos experiência por intermédio da prática constante e consciente. Apenas pelo conhecimento, sem a prática, não se ganha sabedoria; só aprenderemos a andar de bicicleta se nos propusermos a pedalar, e só conseguiremos manter o equilíbrio após levarmos vários tombos, mesmo que saibamos o caminho dos procedimentos que estejam de acordo com a teoria.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 26/07/2009
Reeditado em 31/07/2009
Código do texto: T1720793