Solitude

Vejo os passos tétricos das horas e sinto angústia. Leio notícias, folheio romances, escrevo versos e canto antigas canções. No entanto, nada, absolutamente nada alivia minha solitude.

Apago meu cigarro, derramo no ralo do banheiro o resto de vinho. Preciso descansar, antes que o tempo me devore sem misericórdia. Hoje, eu tive um encontro com um amigo, porém, admito que um desencontro teria sido bem mais instigante.Porque meu amigo não gostou da minha presença. Será que sou esdrúxulo, a ponto de seu coração malogrado fugir desesperadamente de mim sem deixar rastros?

Não quero você amigo, quero a solitude que mora nesta cidade gélida. São Paulo congela meus neurônios, cega meus olhos, aguça meu olfato, estremece meus lábios e queima com ímpeto meu coração, que agora, neste momento almeja partir para longe.Nem mesmo meu amigo saberá para o lugar que irei. Tanto é que lançarei ao vento todos os seus versos, sem medo, sem rancor.

Lá fora o céu, as nuvens ruborizadas não me assustam. Deixo o apartamento, preciso caminhar. Reviver novas emoções, encontrar sonhos e devaneios. Esquecer de quem não lembrou de mim. Pois, o meu silêncio é orquestra para os sábios e ofensa para os néscios. Sim, preciso dizer adeus e embarcar no próximo metrô, na estação da Vila Madalena.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 28/07/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1723034
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