Concreto

Falei com Isabel, logo cedo...

Havia circuitos... Curtos-circuitos na sua exposição...

Rodou... Rodou... Disse-me palavras suas... Palavras tuas.. Até um currículo inteiro à disposição...

Gosto quando Isabel aparece logo... Quando não demora a romper as barreiras da escrita... Quando é forte...

Hoje, veio sonolenta... Queria falar de palavras soltas... Daquelas presas pelos discursos de outros... A divina Comédia... O muro entre as rimas das escolhas...

Pois bem, encontrou-me às avessas... Tenho pouco tempo celestial... Que se abram as cortinas...

...Que se mostre por inteira... Igual.

_ Quantas vezes disseste "alô"?...

_ Sei lá... Isso é coisa que se conte?!

_ Falei com alguém, hoje cedo... Parecia um mundo proibido...

Hoje, notei que não há nada a dizer. Concebido. Um forjar sentidos... Ainda acreditar naquilo que óbvio garante... Concretos que lhe rondam... Coisas que não me envolvem, mas sufocam...

Sofri... Ouvi e percebi o meu destino. Uma linha cruzada... Eram tantas... Algumas teias... Voltei grudada... Parecia que as cascas, essas que talhavam o dito, eram cascas de outras, aquelas que lhe adornavam os tornozelos... Que sempre lhe adornarão os tornozelos... Fatos.

_ Do que falas?... De algum grito?...

_ Pensei em quantas vezes ele olhou para mim... Ali, num "alô" servil...

_ Servil?... Vejo que todas as palavras são... Servis. Escravizadas pelas entoações... Necessidades... E constelações de Vontades...

Isabel calou-se... Engoliu as amígdalas... Engoliu o choro... Cuspiu um arrepio...

Isabel dança igual a mim... Nas vestes-ciganas... Nas argolas que adornam os ouvidos dos que dizem, ou nos pulsos que lhe garantem a vida...

Falar em fática linguagem... Não dizer nada... Apenas um recorte... Não é coisa para Ela... Diz, com todas as curvas linguísticas, o que gosta...

Mas, recuou... Nem sei o motivo...

Voltou ao baú, no qual mora... Ou foi procurar outros tímpanos...

12:05