Encontro com o mar

01-08-2009

Face à estranheza do mundo, resolvi quebrar um círculo: sozinho, fui, a pé, à praia. Quantos daqueles rostos - daqueles distantes rostos –, que eu vi, não albergam uma mente que cogita contrária à minha? Quantas discussões, quantas desídias, quantos encontros casuais poderiam ser feitos se a minha mente e aqueloutra, desconhecida, aproximassem-se? Os rostos não são os rostos em si: são a chave de um segredo. Era nesse sentido que caminhava eu aquela manhã. Apenas um homem, direi mais: um pequeno observador. Andei comigo mesmo até sentir o cheiro da eternidade “estática.” O mar. Ah, o mar... Quantas linhas de minha vida já te não dediquei? (basta que sinta teu cheiro para que tudo me seja Um). Desci o calçadão e fui à areia. Sentei-me no chão e ri. Sim, sorri: vi que além do mar havia algo ali; esse algo, porém, outrora, não o enxerguei. Possivelmente por estar cercado demais de pessoas, de divagações. Ali eu era um só ponto: o ponto além do mar. Significado? Poupe-me. E não canto, aqui, o hino da solidão. Canto o encontro com a novidade, com o pedaço de nós que só é possível que vejamos sozinhos.